Quando a gente pensa em uma revolução, a gente pensa logo e um multidão revoltada trazendo abaixo um sistema ou governo. No caso da Revolução Russa (ou mais apropriadamente “golpe bolchevique”, como conversamos nas últimas duas colunas), ela está sempre ligada ao povo: pelo menos é isso que ideólogos da extrema-esquerda juram que foi.
Mas uma pergunta fundamental precisa ser respondida aqui: o que era o povo e onde estava o povo enquanto os bolcheviques davam seu golpe de Estado? A primeira é a mais fácil de ser respondida: para os terroristas bolcheviques, o povo era quem estava do lado deles. Quem estava contra eles não era o povo, mal era gente: eram “contrarrevolucionários” nojentos. Agora vamos para a segunda pergunta: onde estava o povo no momento do golpe? O professor Gellately na sua obra A Era da Catástrofe Social nos diz: “Na maior parte, contudo, a cidade permaneceu calma. De modo geral, os eventos sociais programados foram mantidos, e as pessoas seguiram em frente como se pouca coisa tivesse mudado.”
Mas a prova definitiva de como a “revolução” comunista não teve apoio popular está justamente nas eleições de novembro que Lenin tanto temia. Quando a situação da Rússia estava em um nível alarmante e o governo provisório não estava mais sendo capaz de lidar com a guerra e as grandes inquietações internas, o primeiro-ministro Alexander Kerensky convoca eleições antecipadas para definir o presente e o futuro da Rússia: a democracia e não o totalitarismo era o rumo que a maior parte do povo russo seguia desde a revolução popular de fevereiro. Mas as eleições chegam, e o que os bolcheviques já temiam desde sempre aconteceu: eles perderam as eleições, e de lavada! O professor Gellately diz na p. 66 que “os bolcheviques conseguiram 24% dos votos, muito abaixo dos 38% do Partido Social Revolucionário, que apoiava a governo democrático.” E quem decidiu isso foi a esmagadora maioria do povo pobre e sofrido da Rússia: os camponeses.
As eleições chegam, e o que os bolcheviques já temiam desde sempre aconteceu: eles perderam as eleições, e de lavada!
Em outras palavras, o povo russo, em sua maioria, não escolheu os bolcheviques para serem seus representantes e reprovou o golpe de Estado que estes deram um mês antes das eleições: os rivais de Lenin ganharam. Conforme mostra a professora Fitzpatrick na sua obra Revolução Russa, esse golpe foi o catalizador definitivo que levaria a sangrenta Guerra Civil Russa, guerra essa que "os próprios bolcheviques arriscaram e até estavam desejosos de ver acontecer," pois a violência desenfreada entre “classes” seria um sinal claro de que o marxismo e o socialismo estavam avançando “no caminho certo”, mesmo que isso representasse a morte de mais de 10 milhões de pessoas. Mas o marxismo adotado por Lenin e os comunistas russos era científico, eles eram agentes históricos em um processo inevitável: pode perguntar a qualquer comunista hoje que eles vão dizer para você que era isso aí mesmo! Mas como diria um famoso super-vilão que também queria matar metade da humanidade para salvar o planeta: “a realidade tende a ser decepcionante!”. Quase o dobro dos votos. Mas sabe qual foi a resposta de Lenin a essa derrota humilhante? Que as eleições “não representavam a vontade do povo”. Depois dessa derrota humilhante nas eleições, Lenin e o comunistas dissolveram a Assembleia Constituinte: a escolha do povo demonstrada nas eleições não significava nada.
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