Há algumas semanas, expliquei em outra coluna o mito de que o fascismo foi um agente criado pelo capitalismo. Desde o início dos anos 90, estudiosos do assunto têm mostrado o oposto: o fascismo usou o capitalismo a seu favor. Outra afirmação que beira o senso-comum é que o fascismo é um movimento que pertence à direita, ou extrema-direita, e agora você vai entender porque isso é um mito também.
Primeiro vamos relembrar de onde vem a fonte do mito: marxismo! O professor Roger Griffin aqui no seu livro A Natureza do Fascismo, na página 2 denuncia isso abertamente: “Historicamente, se não moralmente, parte da culpa pela erosão do valor do léxico do fascismo deve ser colocado na porta dos teóricos marxistas. Em novembro de 1922, poucas semanas depois da Marcha de Mussolini sobre Roma, o Quarto Congresso da Internacional Comunista realizada em Moscou discutiu como o fascismo deveria ser explicado dentro de uma perspectiva marxista-leninista.” E na página 3 o professor mostra a "reza" comunista que infectou o debate sobre o fascismo nas décadas seguintes: “Eles, portanto, continuaram a realizar as suas análises alinhadas em grande medida com a afirmação de Dimitroff no Sétimo Congresso do Comintern em 1935 que caracterizou o fascismo como “a ditadura terrorista mais aberta, das mais reacionárias, mais chauvinistas e dos elementos mais imperialistas do capital financeiro”.
Agora uma outra obra de referência, escrita pelo professor Stanley Payne chamado História do Fascismo derruba sem rodeios o mito de que o fascismo é um movimento da direita. Na página 8 ele diz que "o Fascismo, rejeitou muitos valores estabelecidos - sejam de esquerda, direita ou centro - e estava disposto a se envolver em atos de destruição em massa, às vezes envolvendo o mais horrível assassinato em massa, como 'destruição criativa' para inaugurar uma nova utopia em sua criação, assim como os comunistas assassinaram milhões em nome de uma utopia igualitária.”
A resposta fascista definitiva ao mapa político direita-esquerda foi afirmar que o tornaram obsoleto por não serem nem de direita, nem de esquerda
Podemos perceber que estamos diante de um movimento novo, que não se localiza em um espectro político, mas pretende criar algo radicalmente novo, que não está dentro da direita e nem da esquerda. Aliás, para que fique claro, é igualmente falso dizer que o fascismo seja um movimento de esquerda, como também ouvimos por aí, embora com bem bem menos frequência que o oposto.
Por fim, uma outra obra de referência dá o xeque-mate no assunto: o professor Robert Paxton na sua obra A Natureza do Fascismo confirma exatamente essa ideia apresentada pelo professor Payne. Na página 11 ele diz que “é difícil localizar o fascismo no familiar mapa político 'direita-esquerda'. Os próprios líderes fascistas sabiam, no início? Quando Mussolini reuniu seus amigos na Piazza San Sepolcro em março 1919, não estava totalmente claro se ele estava tentando competir com seus ex-colegas do Partido Socialista Italiano de Esquerda ou para atacar frontalmente da direita. Onde no espectro político italiano será que aquilo que ele ainda chamava por vezes de 'nacional-sindicalismo' encontraria o seu lugar? Na verdade, o fascismo sempre manteve essa ambiguidade. Contudo, os fascistas tinham uma coisa clara: eles não estavam no centro. O desprezo fascista pelo centro brando, complacente e comprometedor era absoluto." E o professor Paxton conclui que “A resposta fascista definitiva ao mapa político direita-esquerda foi afirmar que o tornaram obsoleto por não serem 'nem de direita, nem de esquerda' ao transcender essas divisões ultrapassadas e unir a nação.”
Como vimos, o mito é antigo fundado pelos maiores propagandistas descompromissados com a verdade do século XX: comunistas. Infelizmente, esse conceito se espalhou como gangrena na academia e no público desde então. Mas já faz décadas que esse conceito tem sido disputado e negado por grandes autoridades no assunto, mas que infelizmente continuam longe do público geral. Mas isso está mudando, felizmente, para o desespero desses falsificadores da história.
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