| Foto: wikimedia commons
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Mas se você pensa que as únicas coisas que Fidel fez foram as expropriações e aliança com a defunta União Soviética, como vimos na coluna anterior, é melhor pensar de novo. Desde que subiu ao trono da ditadura, Fidel curtia xingar os americanos e atacar a história deles! E se você é um governo medíocre, você não poder xingar uma superpotência, principalmente se você depender daquela potência pra viver.

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E curiosamente, a linguinha suja de Fidel, senhoras e senhores, foi o primeiro fator no racha da diplomacia com os americanos, e não as nacionalizações. Um artigo muito interessante ajuda a gente a entender o poder da linguinha suja de Fidel. É esse artigo aqui do professor Leogrande publicado pela Oxford chamado "Anger, Anti-Americanism, and the Break in U.S.-Cuban Relations" (Raiva, anti-americanismo e a quebra da relação Cuba e Estados Unidos) que mostra que, desde o início, Fidel fez uma série de discursos, entrevistas e declarações públicas atacando os Estados Unidos, sua história e os presidentes. O estudo mostra a reação do Congresso Americano a todos esses ataques, e como eles foram perdendo a confiança e o respeito por Fidel, antes mesmo de as expropriações e aliança com os comunistas começarem.

O professor Leogrande mostra, por exemplo, que em poucas semanas depois de subir ao poder, as relações de Washington e Cuba entraram em crise porque Fidel começou a executar muitas centenas de policiais e oficiais do antigo regime, e que centenas de prisões e execuções foram aumentando em janeiro, ao ponto de o senador Wayne Morse que era crítico ferrenho de Batista, pedir pelo “fim do banho de sangue em Cuba.” Fidel respondeu a um repórter americano que indagou sobre a matança: “se os americanos não gostam do que está acontecendo em Cuba, eles podem invadir com os fuzileiros e aí vão ter 200 mil gringos mortos.” Ora, você não pode tratar um país que você depende pra sobreviver desse jeito não... Pensando bem, você até pode, mas depois não fica igual um bebê chorão quando "meterem" um embargo brutal em você.

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Lição pra você: se um dia você quiser fazer uma revolução maluca, não faça como Fidelzinho dando uma de macho antes da hora: se você depende dos outros pra sobreviver, é melhor ficar pianinho. Mas o engraçado mesmo é que o próprio Fidel reconheceu isso mais tarde. O professor Leogrande mostra no artigo que em 1978 Fidel fez uma entrevista com o diplomata americano Wayne Smith e disse que se arrependia de muitas atitudes, e que ele fechou muitas portas, e que foi mais agressivo do que a situação exigia.” E ao longo de todo o artigo, o professor segue mostrando não só os ataques abertos e agressivos de Fidel contra os Estados Unidos; o irmão dele Raúl também era outro desbocado. Por isso o professor conclui na p. 125 pra não deixar dúvidas: “No final, o rompimento nas relações se formalizou em grande parte nesses reais conflitos de interesse, mas a raiva que as agressões de Fidel provocaram criaram um clima emocional que tornou impossível uma resolução diplomática.”

Parece que o governo de Fidel estava pedindo pelo embargo: foram múltiplas ocasiões de expropriações, crises diplomáticas, ataques verbais e por fim se aliaram ao maior inimigo dos EUA, e na Guerra Fria.

Então, com esses estudos que consideramos até aqui a gente consegue ter um panorama muito claro das origens e causas do embargo: o breve período diplomático e promissor entre os dois países foi quebrado pela retórica e atitudes abertamente agressivas e não diplomáticas de Fidel e do governo, as expropriações de todas as empresas americanas e não pagamento devido por elas, e por fim, a aliança com a União Soviética. Essa foi a receita do caos que deu origem ao embargo americano. E por todas essas razões é impossível dizer que Cuba não foi o principal pivô em começar essa treta. Parece que o governo de Fidel estava pedindo pelo embargo: foram múltiplas ocasiões de expropriações, crises diplomáticas, ataques verbais e por fim se aliaram ao maior inimigo dos EUA, e na Guerra Fria.

Portanto, o embargo americano não foi uma medida arbitrária que os Estados Unidos tomaram do nada, simplesmente porque tinha um governo socialista na sua porta e o governo americano queria acabar com aquele governo: quem faz essa leitura simplória são apologista de governos comunistas que só querem defender seus ditadores de estimação. Os estudos mais recentes não deixam dúvidas que Fidel e seu governo foram os principais responsáveis pela resposta americana do embargo econômico, e que continua, embora não tão firme como antes, em vigor contra o país.

Entretanto, o fracasso de Cuba não pode ser atribuído apenas ao embargo. Na próxima coluna vamos ver estudos que mostram que o governo cubano é, de longe, o maior responsável pelo fracasso social e econômico do país nos últimos 60 anos.

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