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Thiago Braga

Thiago Braga

Entender a história da guerra é entender a história dos homens. Uma nova coluna todo domingo.

‘Racistas e misóginos’: o ataque da imprensa aos fãs de Assassin’s Creed

(Foto: Reprodução/Assassin's Creed/Ubisoft)

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‘A culpa é dos gamers, então.’ Foi mais ou menos isso que a IGN Brasil, um grande portal de games, reportou em um artigo em defesa dos fãs críticos do novo Assassin’s Creed Shadows.

Na coluna anterior mostrei um pequeno contexto histórico envolvendo o Yasuke, um dos protagonistas do game: a segunda, será uma “ninja” da famosa região de Iga.

No artigo, a IGN ataca a comunidade gamer de “racista” e “misógina”. Ora, se os gamers estavam tão revoltados com o jogo, só podia ser pelo fato de ter um negro e uma mulher. Afinal de contas, que outro motivo os jogadores teriam para não gostar da escolha dos personagens?

Qualquer um já nota o “tiro no pé” que a IGN, e por consequência a Ubisoft, deram nelas mesmas. Atacar a comunidade que às sustentam não parece ser uma jogada muito esperta, não acha?

Essas empresas simplesmente não quiseram ouvir o que os fãs estavam falando, e foram para o caminho mais fácil: citar racismo e misoginia para calar o discurso e invalidar as críticas

Mas, a comunidade gamer se manifestou de forma muito mais sofisticada do que isso.

Em primeiro lugar, os gamers queriam os dois protagonistas originários do Japão, e não apenas um. Como aconteceu em todos os outros jogos da franquia: os personagens eram originários do local do jogo. E justamente nesse a Ubisoft quebra a regra, colocando um personagem africano de pouca relevância na história japonesa do período Sengoku, onde o jogo se passa.

Mas alguns (poucos) defensores do jogo dizem que a crítica não é válida, afinal de contas, nunca houve mesmo nenhum personagem histórico protagonizando o jogo. Mas o problema é exatamente esse: nunca houve antes personagens reais como protagonistas. Por isso, muitos entenderam a jogada da Ubisoft: ‘esse é o momento de colocarmos um personagem negro no Japão porque ele existiu.’

De outra forma, que sentido faria a Ubisoft colocar um samurai negro ali? Se essa foi a intenção, ou não, da Ubisoft, não dá pra saber. Mas, a empresa está vinculada a organizações dedicadas a ‘inclusividade’ como a “Sweet Baby Ink”, e isso acendeu o alerta em muitos fãs que veem seus jogos sendo manipulados por pautas identitárias nos últimos anos.

Mas e a fala da IGN sobre os gamers racistas e misóginos? A empresa chego a declarar que os jogadores só gostaram de jogar com o famoso CJ de Grand Theft Auto V, porque ele negro e criminoso. Isso deu uma revolta nos fãs! Eles gostaram do CJ porque ele foi um personagem legal! Mas e o Bayek, negro, amado pelos fãs do próprio Assassin’s Creed Origins? E a musa Lara Croft? E as lindas Jill e Claire de Residente Evil? Não eram idolatradas pelos fãs? Será que os gamers não gostam de jogar com LeBron James no jogo NBA? O contra-ataque dessas empresas aos fãs cai por terra em uma análise rápida.

O Yasuke, principalmente, foi colocado de uma maneira que soou ruim para os fãs: não foi orgânico e quebrou a tradição da franquia. O fãs não gostaram e reclamaram, principalmente porque não se trata de qualquer jogo, se trata de uma dinastia como Assassin’s Creed.

Eles dependem dos fãs e têm que agradar a eles, não a suas pautas identitárias particulares. A insolência dessas empresas fará com que elas paguem caro quando o dia chegar.

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