O trailer do novo “Assassin’s Creed Shadows” parou a internet: na verdade o que parou a internet foi um “samurai”; mas não foi qualquer “samurai”: um “samurai” negro.
Se ele é um “samurai”, você já imagina que estamos falando do Japão aqui, mas especificamente na década de 1580, no período mais conturbado e violento da história do Japão: o período Sengoku, onde facções poderosíssimas guerreavam pelo controle do país há mais de 1 século.
Com a chegada dos portugueses no Japão, em 1543, a arte da guerra dos samurais mudou drasticamente: os portugueses traziam seus famosos mosquetes, e quando os japoneses viram o que aquelas armas eram capazes de fazer, eles começaram a reproduzi-la em massa. Era a primeira vez que os japoneses viam uma arma de fogo na frente deles, e elas seriam as armas preferidas dos japoneses desde então. Pois é, para fãs de samurais, é uma notícia decepcionante imaginar que seus guerreiros favoritos trocaram sua sagrada catana por aquelas armas europeias horríveis. Mas isso só prova como os japoneses estavam mais preocupados em ganhar batalhas, e não com tradições bobas.
Muitos europeus, inclusive africanos escravos, chegaram ao Japão. Nessas idas e vindas dos grandes galeões portugueses o país conhece Yasuke, como o nosso heroi do jogo é chamado. Na vida real também, pelo menos para os japoneses, porque não conhecemos o nome de batismo de Yasuke que possivelmente teria vindo de Moçambique. Até isso ninguém sabe na verdade. Só prova que Yasuke é um grande mistério até hoje, e tudo que sabemos sobre ele são pequenos fragmentos escritos pelo português Luís Fróis, e Oda Nobunaga, um dos mais poderosos senhores de guerra do Japão na época.
Aí temos um problemão: não sabemos nem se Yasuke foi um “samurai” de verdade: aliás, eis a razão pela qual ao longo do texto eu colocar a palavra “samurai” sempre entre aspas.
Tudo o que sabemos é que Oda Nobunaga gostou do rapaz, e ele teria passado a servir como conselheiro e guarda dele, por algum tempo depois de chegar no Japão.
Que estadia curta nosso “samurai” teve: não completou três anos e já teve que sair de lá expulso por samurais, de verdade. Entretanto, não há registros oficiais de que ele tenha recebido a honraria de um samurai, por muitos motivos. Você pode conferir mais detalhes no vídeo recente que fiz no Brasão de Armas sobre o jogo e o seu personagem principal. Um dos mais importantes é que ele não teve um sobrenome, detalhe fundamental a qualquer samurai; em crônicas portugueses ele é descrito por samurais como um forasteiro “bestial” sem ser respeitado nem pelo círculo interno de samurais do Oda Nobunaga.
Portanto, o Yasuke existiu de fato, esteve no Japão e pode ou não ter sido um samurai. Entretanto, ninguém pode ter plena certeza disso pois o título nunca foi usado para se referir a ele.
A repercussão do Yasuke no jogo foi extremamente negativa: a Ubisoft recebeu uma enxurrada de dislikes virtualmente em todos os países onde o trailer saiu, inclusive no Japão. A empresa e alguns defensores do jogo dizem que toda a crítica é simplesmente pela cor da pele: os gamers estariam sendo racistas, nada mais, nada menos. Uma acusação e tanto, não acham? Mas será que é tão simples assim? Toda a indignação dos fãs é pela cor do personagem apenas? Na semana que vem, vamos colocar essa acusação à prova.
STF decide sobre atuação da polícia de São Paulo e interfere na gestão de Tarcísio
Esquerda tenta mudar regra eleitoral para impedir maioria conservadora no Senado após 2026
Falas de ministros do STF revelam pouco caso com princípios democráticos
Sob pressão do mercado e enfraquecido no governo, Haddad atravessa seu pior momento
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS