Imagina só um lutador ter que encarar 5 lutadores ao mesmo tempo? Qualquer um diria que isso seria uma grande covardia. Se nos esportes existem regras para equilibrar as forças, na guerra a única regra é vencer, e a qualquer custo. É por isso que na história da guerra as forças quase nunca são equilibradas. E desequilibrada foi uma batalha que aconteceu em 1385, num vilarejo conhecido como Aljubarrota, em Portugal.
Essa batalha nos interessa muito porque aconteceu entre Portugal, nosso velho pai, e sua vizinha Castela, na Espanha. Em jogo estava a sobrevivência do país e da nação portuguesa. Castela queria a conquista total de Portugal e por isso não perdeu tempo: aproveitou uma crise de sucessão onde o rei português Fernando I morreu e sua esposa estava mais do que disposta a entregar Portugal nas mãos castelhanas. Inclusive, dizem as más línguas da época que ela já teria até um amante, o conde Andeiro. E para deixar os castelhanos ainda mais animadinhos, a sucessora direta de Fernando I era Dona Beatriz, que advinha só, tinha acabado de se casar com o rei de Castela, João I. O que poderia dar errado?
É aí que entra o herói dessa nossa coluna, um outro João, que eu costumo chamar de João do bem, que ficou conhecido na história como João I de Portugal. Ele era o irmão bastardo de Fernando I e sabia claramente os terríveis planos de Castela para conquistar Portugal e faria tudo ao seu alcance para impedir isso. Só que a situação dele não era nada fácil. O primeiro problema estava dentro de casa. Boa parte da nobreza portuguesa já havia sido “comprada” por João de Castela. Se coloque no lugar dos nobres: um reino extremamente poderoso está prestes a invadir seu país que está na beira do caos. Se esse rei poderoso te oferece proteção, você pode acabar cedendo a tentação de apoiá-lo do que arriscar perder tudo caso ele invada e derrote você. Então João I de Portugal tinha uma país dividido entre patriotas e traidores.
Nas mãos dele estaria a única chance de Portugal derrotar aquele colosso indestrutível que avançava sobre as terras lusitanas.
O outro problema gigantesco que João I tinha que enfrentar era o tamanho e o poder do exército castelhano. Ele sabia que Castela era o reino mais poderoso da Península Ibérica, totalmente dedicado à arte da cavalaria. Para piorar mais ainda, Castela tinha o apoio de outra superpotência europeia, a França. Um terremoto avançava em direção a Portugal. João e seus leais apoiadores tinham que se preparar para isso. Contudo, se D. João I tinha dois problemas, ele também tinha duas soluções de peso.
A primeira estava dentro de casa e tinha um nome que até hoje causa arrepio nos castelhanos: Nuno Álvares Pereira, um cavaleiro-santo, um santo-cavaleiro. Ele provaria ao mundo europeu que matar dragões era coisa para amadores. Nas mãos dele estaria a única chance de Portugal derrotar aquele colosso indestrutível que avançava sobre as terras lusitanas. A outra solução vinha de barco pelo Mar do Norte, e não traria espadas, mas arcos longos: os ingleses. Portugal versus Espanha; Inglaterra versus França. O antagonismo máximo europeu resumido em 4 países e uma única batalha.
Agora que os “jogadores” se apresentaram para os jogos da guerra, havia chegado o momento em que o presente e o futuro seriam definidos por meio daquele conflito, mas não entre Inglaterra e França, que pouco tinham a ganhar ou perder, mas entre Portugal e Castela. A Batalha de Aljubarrota seria decisiva e o rumo da história como a conhecemos seria escrito. Quem imaginaria tamanha importância desse evento naquela época. Mas sim, se o resultado dessa grande batalha fosse outro, muito possivelmente você não estaria aqui lendo essa coluna, e eu não estaria aqui a escrevendo hoje e muito menos a concluiria na próxima semana.
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