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Quantas vezes já ouvi que “videogame é coisa de criança!” Eu não gostava muito que falassem isso porque parecia um desdém com uma coisa que me divertia tanto, e adolescentes detestam que digam que o que eles fazem é coisa de criança. Hoje com 35 anos e ainda um amante dos games (embora com cada vez menos tempo disponível para apertar o “sagrado” botão “iniciar novo jogo”) eu sou obrigado a reconhecer a verdade naquela afirmação: videogame é coisa de criança, sim! Mas não naquele sentido pejorativo de antes, mas num sentido imperativo!
Muita coisa mudou do início dos anos 90 para cá! Nossos bons e velhos consoles eram limitados pelas barreiras tecnológicas dos arcaicos jogos de 8 e 16 bits, e que mesmo assim já faziam a gente viajar naquele mundo fantástico. Mas aquele mundo era fechado, com fronteiras impossíveis de ultrapassar; e os objetivos eram simples; as histórias eram simples; e tinham fim. Hoje os jogos têm mundo aberto, virtualmente ilimitado! Os gráficos cada vez mais realistas nos fazem mergulhar em seus mundos... E viver neles. Nós comemos, dormimos, compramos, andamos, corremos, nadamos, voamos, construímos, nos relacionamos, tomamos decisões... Você pode criar sua história, e viver a história. A História de verdade!
Jogos como Assassin’s Creed e Age of Empires tem despertado o amor pela história nas pessoas, mas em especial nas crianças que estão crescendo e acompanhando essas franquias
Do início dos anos 2000 para cá a indústria dos jogos tem explodido com obras baseadas em fatos históricos, e como professor e gamer raiz (quero ver alguém assumir que é gamer nutela!), eu não poderia estar vivendo um momento mais empolgante! Jogos como Assassin’s Creed e Age of Empires tem despertado o amor pela história nas pessoas, mas em especial nas crianças que estão crescendo e acompanhando essas franquias. Pela minha experiência de mais de 15 anos em sala de aula posso afirmar com muita convicção que uma fatia considerável dos meus alunos passou a AMAR história graças a esses jogos... E alguns até mesmo se tornaram professores por causa desse amor “virtual”. Aliás, aí vai um testemunho pessoal aqui: eu estaria mentindo se dissesse que os videogames da minha adolescência não tiveram um grande impacto profissional e positivo na minha vida.
É por isso que reafirmo com caixa-alta aqui: VÍDEOGAME É COISA DE CRIANÇA! Pais e professores DEVEM explorar esse mundo digital com seus filhos e alunos. Conhecer os jogos, seu período histórico e até jogar com eles pode potencializar ainda mais o gosto pelo conteúdo facilitando o aprendizado do aluno. Aliás já existem até estudos acadêmicos sobre isso: um estudo publicado em 2003 no periódico Computers & Education concluiu que alunos com acesso a jogos de videogame dentro da sala de aula tiveram um aumento “qualitativo” no aprendizado, e em qualquer área do ensino. Infelizmente, a realidade brasileira não permite o acesso democrático a muitos desses jogos, principalmente no ensino público, devido a precarização do sistema educacional que já vem de décadas. Entretanto, o simples uso de gameplays disponíveis no YouTube já podem despertar a curiosidade e engajar os alunos no ensino do conteúdo em questão.
A “mágica” dos videogames é que eles não precisam ser jogados... Eles podem ser assistidos! Seja como for, os jogos são para crianças sim e eles são capazes de mudar o “jogo” da vida delas!