Ontem, a presidenta Dilma, em evento político no Rio Grande do Sul, fez um discurso no qual falou sobre a ditadura. Ao fim do texto, ela disse a seguinte frase:
E acrescento: quem dá voz à história somos cada um de nós, que no nosso cotidiano afirma, protege, respeita e amplia a democracia no nosso país.
Você, caro leitor, achou estranha essa construção frasal? Se sim, vamos tentar entender essa estranheza.
Gostaria de chamar atenção para a concordância do verbo “somos”. Se procurarmos em qualquer gramática, sempre vai haver uma parte específica da concordância relacionada ao verbo SER. É chamada, inclsuive, de concordância especial. E é considerada assim não só pelas inúmeras formas de concordar esse verbo, mas também pela sua “subversão” a algumas regras vigentes.
Isso porque a regra geral de concordância verbal prevê que o verbo concorde com o sujeito da oração, como nos exemplos:
Ela discursou.
Eles discursaram.
No caso do verbo SER, essa concordância pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo do sujeito, elemento que normalmente vem depois do verbo.
O que admiro nele são suas ideias.
Isso são detalhes se analisarmos a história completa.
Além dessa particularidade, o verbo SER também vai ter uma concordância especial quando se referir a pronomes pessoais (eu, tu, ele, nós, vós, eles). Sempre que aparecer na frase um desses pronomes (independentemente se for sujeito ou predicativo), o verbo vai concordar com ele.
O problema somos nós, os humanos.
Ah, então é essa a explicação para o discurso da Dilma? Não. Infelizmente, no discurso dela houve um probleminha de revisão. A frase correta seria quem dá voz à história é cada um de nós. O que explica essa concordância não é o uso do verbo SER nem do NÓS, mas da expressão CADA UM. Quando escrita junto de um pronome no plural, essa expressão leva o verbo para o singular.
Cada um de nós percebeu a tristeza em seu olhar.
Portanto, fique atento! Nem sempre a concordância está correta, ainda que pareça correta.
Se você tiver mais alguma dúvida, mande para a gente!
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