Várias discussões se instalaram por conta da carta enviada a Dilma Rousseff por Michel Temer, na qual o vice-presidente lamenta a falta de confiança e demonstra sua insatisfação. De questões políticas a memes, a carta fez barulho e também alguns estragos. E um deles foi com a Língua Portuguesa. Não sei se a missiva foi escrita no furor da emoção (momentos em que não devemos escrever nada!) ou se foi escrita às pressas. Ou ainda se realmente o vice-presidente, como qualquer mortal, escorrega no uso da sua língua materna. Fato é que os deslizes estão lá, para todo mundo (não só a Dilma!) ver. Se você não viu, vou aproveitar o modelo “lista com numerais”que o próprio Temer usou para indicar alguns de seus erros.
“Verba volant, scripta manent” (As palavras voam, os escritos permanecem)
Por isso lhe escrevo. Muito a propósito do intenso noticiário destes últimos dias e de tudo que me chega aos ouvidos das conversas no Palácio.
À minha natural discrição conectei aquela derivada daquele dispositivo constitucional.
E só o fizeram, ouso registrar, por que era eu o candidato à reeleição à Vice.
A senhora, no segundo mandato, à última hora, não renovou o Ministério da Aviação Civil onde o Moreira Franco fez belíssimo trabalho elogiado durante a Copa do Mundo. (Evita-se o uso de ONDE quando não se remete a lugar físico)
Sabia que ele era uma indicação minha. Quis, portanto, desvalorizar-me. Cheguei a registrar este fato no dia seguinte, ao telefone. (ESSE fato, não ESTE, pois ele já mencionou o fato indicado)
Realizamos mais de 60 reuniões de lideres e bancadas ao longo do tempo solicitando apoio com a nossa credibilidade. (LÍDERES, com acento)
Aliás, a primeira medida provisória do ajuste foi aprovada graças aos 8 (oito) votos do DEM, 6 (seis) do PSB e 3 do PV, recordando que foi aprovado por apenas 22 votos. (…recordando que foi APROVADA – a medida provisória)
Recordo, ainda, que a senhora, na posse, manteve reunião de duas horas com o Vice Presidente Joe Biden – com quem construí boa amizade – sem convidar-me o que gerou em seus assessores a pergunta: o que é que houve que numa reunião com o Vice Presidente dos Estados Unidos, o do Brasil não se faz presente? …
(VICE-PRESIDENTE tem hífen)
(A frase “o que gerou…”deve vir imediatamente após uma vírgula)
(O que é que houve que numa reunião… – excesso de QUE, que gera um vício de linguagem chamado QUEÍSMO)
Antes, no episódio da “espionagem” americana, quando as conversar começaram a ser retomadas… (CONVERSAS)
Até o programa “Uma Ponte para o Futuro”, aplaudido pela sociedade, cujas propostas poderiam ser utilizadas para recuperar a economia e resgatar a confiança foi tido como manobra desleal. (…resgatar a confiança, foi tido… Precisa de vírgula!)
A senhora sabe que, como Presidente do PMDB, devo manter cauteloso silencio com o objetivo de procurar o que sempre fiz: a unidade partidária. (SILÊNCIO, com acento)
Percebam que são erros muito primários, os quais normalmente aparecem na hora do nervosismo ou quando redigimos às pressas. Nem uma nem outra justificativa pode ser aceita para uma correspondência tão importante que – vamos e venhamos – sabíamos que poderia “vazar”. Uma revisão simples poderia evitar mais um problema, entre tantos outros, que essa carta escancarou para o Brasil.
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