Quantas vezes você já ouviu alguém dizer “ele ainda não tinha chego quando eu liguei para seu escritório”? É incrivelmente comum o uso do verbo chegar com um particípio que simplesmente não existe. A forma nominal do verbo CHEGAR no particípio é CHEGADO. E só. O verbo chegar não é um verbo abundante, ou seja, não tem dois particípios diferentes, como é o caso de imprimir (imprimido e impresso), acender (acendido e aceso), morrer (morrido e morto), entre muitos outros. Portanto, a única forma correta é dizer que “ele ainda não tinha chegado”. A única forma correta de usar CHEGO é com a primeira pessoa do singular, no presente: “Eu chego cedo todos os dias no meu trabalho”.

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Como usar verbos abundantes

Como dito anteriormente, há verbos na língua portuguesa que têm dois particípios – um regular e outro irregular. Para usar esses dois particípios, há duas regras: com os verbos SER e ESTAR, utiliza-se o particípio irregular, que é o mais curto. Veja os exemplos: “O ladrão foi morto ontem à noite”; “A luz está acesa”. Com os verbos TER e HAVER, usa-se o particípio regular, aquele que termina em -DO: “Eu já tinha imprimido o trabalho, mas esqueci em casa”.

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Há exceções? Pior que há… O verbo PEGAR, por exemplo, não é classificado como abundante pelas gramáticas, ou seja, tem apenas um particípio – PEGADO. No entanto, a forma PEGO é largamente utilizada. Seu uso faz parte da evolução da língua, que é responsável por incluir palavras do dia a dia das pessoas nos dicionários e até por mudar a própria gramática. Portanto, o particípio de PEGAR é usado normalmente com os verbos TER e HAVER, como na frase seguinte: “O camisa 20 do Timão, que quase não tinha pegado na bola, foi até o banco e pediu para sair”. Já a forma PEGO é usada com os verbos SER e ESTAR – “Ele foi pego em flagrante”.

Nos Manuais de Redação da Folha de São Paulo e do Estado de São Paulo, o uso do PEGO é recomendado com os verbos ser e estar, como se ele fosse abundante. Na gramática do Pasquale, está bem claro: “Pegar apresenta apenas o particípio regular: pegado”. No entanto, podemos considerar correto o uso da forma PEGO, já que ela aparece em dicionários e em boa parte da mídia, o que significa que seu uso já foi consagrado pela linguagem popular ou informal.

Verbos do dinheiro

Outras exceções são os verbos do dinheiro: pagar, gastar e ganhar. Várias gramáticas trazem como facultativo o uso do particípio regular ou irregular, com os verbos TER e HAVER. Pode-se utilizar “Ele já tinha pago o valor” ou “Ele já tinha pagado o valor”.

Apesar das exceções, é sempre melhor saber a regra original e usá-la, pois, com ela, você não erra nunca.

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