Quem leu/ouviu o discurso que a presidente Dilma Rousseff fez em Bruxelas, na abertura do VII Encontro Empresarial Brasil-União Europeia, ou chorou ou riu. Foi um festival tão grande de incoerências e deslizes gramaticais que Dilma nem parecia a representante de um país com o tamanho e a importância do Brasil.
Além de problemas gramaticais, o que mais apareceu no discurso foram os erros de estruturação textual. Frases mal construídas e inacabadas foram a tônica da fala da presidente, como no trecho abaixo:
A inflação está sob controle desde 1999, nós adotamos políticas de metas de inflação, estamos, os resultados até agora são dentro desse intervalo, e eu reitero vocês, a determinação do Brasil de continuar perseguindo isso, até porque temos uma experiência nefasta na área da hiperinflação, e todos aqueles que passaram por hiperinflação têm uma espécie de vacina anti-inflacionária, culturalmente falando.
A comparação com a história do Brasil, além de esquisita, também foi mal escrita/falada/pensada/sabe-se lá, com muita informalidade. Além disso, ainda não entendi a diferença entre europeus e estrangeiros…
Os primeiros frutos já foram colhidos, nós já concedemos seis dos maiores aeroportos dos países para investidores, repito, estrangeiros e europeus, concedemos rodovias, fizemos toda uma reforma dos portos – aí eu não posso perder a oportunidade de estar aqui junto com o Durão Barroso para dizer o seguinte: quando o Dom João VI foi para o Brasil, graças à invasão do Napoleão, nós tivemos uma situação inusitada que foi a presença no Brasil, da corte, que era aqui o Império. Então o Império foi para a colônia. Nesse momento os portos brasileiros, em 1808, foram abertos às nações amigas. No caso, a Inglaterra. Assim sendo, teve um outro marco na questão dos portos, nós abrimos os portos brasileiros, dessa vez não foi as nações amigas, porque eles já estavam abertos desde 1808, mas foi ao investimento privado.
Em outro trecho, a repetição excessiva da mesma ideia é bastante evidente. Esse é um dos problemas recorrentes em redações mal escritas e bastante condenado em textos que precisam ser claros e corretos.
Criamos, portanto, um enorme mercado interno de consumo de massas. Somos hoje um dos maiores mercados para automóveis, computadores, celulares, refrigeradores, fármacos e cosméticos. Mas esse mercado ainda tem um grande potencial a ser desenvolvido, porque apenas uma parte da população tem acesso a esses bens. Por isso, estamos cada vez mais num processo de formar um imenso contingente de cidadãos que têm acesso a melhores condições de vida, maior acesso à informação e mais consciência dos seus direitos. O que para nós é muito importante. Um cidadão com novas esperanças, novos desejos e novas demandas.
Dilma também igualou a União Europeia a um país: 🙁
As negociações são muito importantes para os dois países, certamente são importantes para o Brasil como são importantes para a União Europeia.
Para fechar a análise, um erro de interpretação. Da Dilma…
Vocês viram as manifestações de junho do ano passado no meu país (…). E vocês viram que nós não tivemos uma atitude de repressão em relação àquelas manifestações, porque consideramos que elas fazem parte da maturidade do nosso país.
É cada vez maior o interesse pelo Brasil e pela nossa capacidade econômica e de liderança. A falta de cuidado com um discurso que deveria ter sido escrito previamente significa relaxo com a imagem não só do país como da própria Dilma. Se não sabe falar de improviso, produza um texto com antecedência e leia cada vírgula. É menos feio que esse show de incoerência presente no discurso de Dilma em Bruxelas.
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