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Rafael Mendes, CEO da RP Trader, ajuda empreendedores e vendedores a dominar todas as funções de qualquer estágio do funil de vendas.

Gestão de pessoas

Como se inspirar nas principais empresas do Vale do Silício para a retenção de talentos

Vale do Silício
Conheça a trajetória de Renata Spallicci, presidente executiva da Apsen, e suas percepções sobre a retenção de talentos nas empresas. (Foto: Madhur Chadha / Unsplash)

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A nossa entrevistada de hoje é Renata Spallicci, cuja história e os big numbers impressionam. Além de todo o seu caminho profissional que conheceremos melhor a seguir, Renata é autora do best-seller “Sucesso é o resultado de times apaixonados” e influencia mais de 1,5 milhão seguidores nas redes sociais. Ela também atua como presidente executiva da Apsen, uma empresa familiar, que completa 54 anos em 2023.

Seu pai, Renato Spallicci, é o presidente da empresa, na qual começou aos 16 anos. Renata também começou muito cedo. Então, ela pôde fazer um processo de trainee, passando por todos os departamentos da empresa. Essa experiência auxiliou na construção da sua visão de negócio, e também trouxe a compreensão sobre as maneiras como as informações chegavam a cada área e o conhecimento a respeito de como as pessoas mais estratégicas pensavam.

Assim, ela pôde, a partir desse rico repertório, trazer mais fluidez para a comunicação na empresa. Além disso, ela também tem a preocupação em colocar em pauta e em prática discussões sobre a temática das mulheres, sua inclusão e representatividade a fim de ajudar as mulheres a alcançarem cargos de liderança em grandes empresas.

Depois de passar por todos os departamentos, como contamos, em um segundo momento, ela, ainda muito jovem, encarou o desafio de trabalhar no setor financeiro da empresa, em uma época de crise ainda pouco clara, porque as informações não estavam sendo transmitidas adequadamente e de maneira completa. Este foi um grande desafio por ser tão jovem em uma situação de crise, porque foi preciso reestruturar a empresa, inclusive demitir colaboradores, parar a obra de um prédio que a empresa estava construindo, entre outras ações.

Com o crescimento da empresa, Renata e seu pai se preocuparam e se sentiram inseguros em perder o controle das informações e em se distanciarem das pessoas que trabalhavam na empresa com o crescimento do negócio e do número de funcionários.

Renata, formada em Engenharia Química e pós-graduada em Finanças, percebeu a necessidade de conhecer e saber aplicar ferramentas e, após um MBA na FGV, assumiu a missão de colocar em prática um planejamento estratégico na cultura de pessoas, algo que já era uma cultura forte na Apsen. O grande desafio, a partir desse planejamento, era dobrar o faturamento da empresa em cinco anos.

Nesse processo, a primeira medida foi estruturar o compliance da empresa, para fortalecer a base para o crescimento se tornar concreto. Outra questão importante foi o olhar para o time, entendendo que alguns não entenderiam facilmente as mudanças e ainda se veriam apegados ao modelo anteriormente praticado.

Como resultado, o trabalho foi de desenvolver não só uma gestão que valorizasse os indivíduos, mas também considerasse a performance para o crescimento e os resultados almejados. Em meio a tantas mudanças, houve a pandemia da Covid 19, em que a Apsen, indústria farmacêutica de produtos essenciais, se manteve ativa nas vendas, com todos os cuidados de segurança, e com sua equipe administrativa e de vendas trabalhando no regime de home office.

Foi uma grande transformação mudar o modelo de vendas presencial para o online, ainda mais em um momento em que os médicos estavam voltados aos cuidados e preocupações com o novo vírus, além de todas a mudanças pelas quais foram obrigados a passar e se adaptar no atendimento aos seus pacientes. Enfim, com esse desafio bem gerido, hoje, a Apsen já está finalizando o planejamento estratégico que será colocado em prática entre 2024 e 2028 para encarar novos desafios, inclusive o atendimento a novos mercados.

Após conhecer a grandiosa história da Renata e da Apsen, perguntamos a ela sobre uma matéria do site Business Insider com o título “Os técnicos do Vale do Silício ganham comida de graça e escritórios deslumbrantes, mas não são muito leais - veja quanto tempo o funcionário médio fica nas maiores empresas de tecnologia.”

Sobre essa matéria, Renata afirma que existe uma cultura específica do Vale do Silício que é a questão de fomentar ideias, ser aberto, ter autorresponsabilidade e entender que qualquer pessoa pode trazer uma ideia importante. Isso tudo sem medo de que “sua ideia será roubada”, mas com o olhar sobre “como colocar essa ou essas ideias em prática”.

Além disso, as metas desses profissionais são muito ousadas. Nesse sentido, a falta de lealdade, citada na matéria do Business Insider, não deveria ser vista dessa maneira. Para Renata, alguns aspectos precisam ser considerados para entender essa realidade: o tamanho da autorresponsabilidade, a ousadia das metas, o assédio que os melhores profissionais vivem e a sustentabilidade de se manter por muito tempo nessa realidade. Ademais, a influência do empreendedorismo motivado pela Universidade de Stanford também é um fator que precisa ser considerado.

Ou seja, olhando de fora, pode-se parecer que essa realidade é um parque de diversões. Afinal, a estrutura das empresas instaladas ali realmente é inacreditável. No entanto, quem a vive na pele precisa considerar todos esses fatores citados para entender como conciliar o atingimento de metas com uma vida que seja, de alguma forma, equilibrada e saudável.

Um grande desafio das empresas é aumentar seus lucros e vendas sem perder o relacionamento humano com seus times e clientes. Na Apsen, tem uma frase que diz: “corre nas nossas veias a mais humana das tecnologias”. Para traduzir e explicar o que essa frase significa, Renata diz que é importante trazer e utilizar as ferramentas tecnológicas para melhorar a performance e os resultados em todas as áreas da empresa. O home office é a prova desse rico uso da tecnologia.

Nesse sentido, para ela, retroceder desse regime não seria o caminho, mas sim aplicar o regime híbrido nas empresas. É claro que é preciso considerar que, para algumas posições o home office funciona melhor do que para outras e essa flexibilidade é muito interessante. No entanto, com a possibilidade de trabalhar à distância, é possível contratar colaboradores que podem agregar muito conhecimento e trabalho à empresa, mesmo que morem longe, em outras regiões.

Apesar das facilidades e vantagens da tecnologia, o que não se pode fazer é deixar de lado a humanidade em todos os processos. Como exemplo dessa humanidade preservada, a Apsen viveu uma experiência importante na pandemia com os médicos, que são seus principais clientes, em que, na prática, a empresa se colocou a serviço desses clientes, o que, no fim, se mostrou uma maneira de vender também.

Isso acontece porque, ao fazer isso, a equipe de vendas transmite valores e princípios da empresa, o que é essencial e leva a converter esse “se colocar a serviço” em conhecimento sobre a empresa, em conexão com clientes, que se sentem compreendidos e, consequentemente, em vendas. Esse aprendizado que a pandemia e o atendimento online trouxeram segue valendo e sendo importante. Hoje, sabemos que não é preciso estar fisicamente presente para se conectar, negociar e concretizar bons contratos, ainda que o olho no olho seja uma boa maneira de se relacionar com clientes, mas não a única que funciona.

Em relação ao equilíbrio entre a produtividade dos times e a saúde dos colaboradores nas empresas, Renata, conforme já afirmou sobre seu trabalho na Apsen, diz que as pessoas devem ser colocadas no centro. É claro que é preciso estabelecer metas ousadas, porém elas devem ser atingíveis, para motivar as pessoas a fazer sempre um algo a mais.

Além disso, para a empresária, a meta por si só é insustentável, ainda mais no Brasil, em que empreender é um grande desafio. Olhando por esse viés, o que eleva a produtividade dos times é conectar as pessoas ao propósito da empresa. Na Apsen, por exemplo, há uma preocupação com inclusão, diversidade e respeito, algo que traz um reflexo para o quadro de colaboradores e com a maneira como ele se sentem trabalhando ali, respeitados como são em seu ambiente profissional.

Essa conexão e relação forte entre empresa e os times são construídas por meio da abertura da empresa para a escuta e a real preocupação com seus colaboradores, de forma que eles se sintam parte ativa, o que, consequentemente, reflete positivamente na sua produtividade e na colaboração entre as pessoas em busca de metas que não são da empresa, mas se tornam delas também.

Para o equilíbrio entre produtividade e saúde, é preciso haver, nas empresas, espaços para que as pessoas se expressem e consigam comunicar seus limites físicos e mentais. Além disso, é essencial que haja pessoas treinadas para a sensibilidade e o olhar para o outro, especialmente líderes, para que os colaboradores se sintam bem para expressarem suas vulnerabilidades que podem afetar o trabalho desenvolvido.

Por fim, quando questionada sobre se existe um modelo certo de contratar, Renata afirma que é preciso haver transparência e alinhamento de expectativas sempre. Em relação às competências técnicas, cada especialista precisa estar atento a isso, junto ao RH.

Há também, para Renata, um aspecto intangível, de perceber as pessoas para além do que elas expressam com palavras. Por fim, para ela, a iniciativa privada tem a capacidade de transformar o nosso país e isso precisa ser colocado em prática também nesse momento da contratação, algo que ela faz na Apsen e recomenda que todas as empresas façam, pensando no futuro, não apenas da empresa, mas do Brasil.

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