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A fé de um químico
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Divulgação
Um dos dez químicos mais citados em trabalhos científicos na última década, Jim Tour não faz segredo de sua fé.

Entre a população em geral, há religiosos que levam sua fé a sério, há gente que diz ter religião, embora ela não tenha tanta relevância na vida dessas pessoas, e há os que não têm religião. Entre os cientistas não é diferente, como aliás já mostramos aqui, inclusive com pesquisas. Eu sempre acho interessante quando se publica algum perfil de cientista que leva sua fé a sério, e na semana passada o Houston Chronicle publicou uma reportagem sobre o químico Jim Tour.

Independentemente de sua fé, Tour parece ser uma pessoa que mereceria mesmo um perfil: ele atua na região coberta pelo jornal e, na última década, esteve entre os 10 autores mais citados em trabalhos científicos na área de Química em todo o mundo, especialmente graças a seu trabalho com nanotecnologia. De fato, o perfil escrito por Eric Berger (corretamente) dá mais ênfase às conquistas de Tour como cientista que ao fato de ele também ser uma pessoa religiosa. Mas ficamos sabendo que Tour é um judeu messiânico que lê a Bíblia diariamente, atribui parte do seu sucesso à sua fé e não age como alguém que precisa ficar demonstrando 24 horas por dia que é um devoto.

“Ah, mas olha só, ele não aceita a macroevolução”, alguém vai observar. De fato. Mas pelo perfil não parece que essa rejeição derive de alguma crença religiosa. Ele não diz que “a evolução contraria a Bíblia”, por exemplo; diz apenas que não consegue entender como se processa a macroevolução. Não duvido que, se um dia ele encontrar uma explicação convicente, mude de ideia a respeito. Nada melhor que ler suas próprias palavras, em um texto sobre criação e evolução. É um ótimo atestado de honestidade intelectual: Tour começa dizendo que não se considera especialista no assunto, e por isso não se acha qualificado para entrar no debate público sobre o assunto, inclusive pedindo às pessoas que não o convidem para falar sobre evolução em eventos, e avisa os jornalistas que ele provavelmente não tem nada de profundo a dizer sobre a controvérsia. Tour se limita a expor suas dúvidas a respeito não só da teoria de Darwin, mas das “alternativas” (como o criacionismo e o Design Inteligente), e apresenta uma bela exposição sobre a natureza como maneira de provar (ou não) a existência de Deus. Então, finalizo o post com algumas palavras de Tour:

Não teria sido maravilhoso se, quando os cientistas conseguiram as primeiras imagens de DNA em resolução molecular, ele tivesse formado, sozinho, as palavras hebraicas para “o Deus dos céus e da terra esteve aqui”? Mas isso não aconteceu, e ainda que tivesse acontecido, haveria céticos duvidando disso. Então, Deus parece usar a natureza como uma pista, mas não como uma solução, para que continuemos a buscá-Lo.

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