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A Matemática, “linguagem divina”. Ou não.
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Semana passada recebi da editora Record um press-release do livro Deus é Matemático?, de Mario Livio. Espero ter a oportunidade de lê-lo em breve, embora meu cronograma particular de leituras ande totalmente bagunçado. Mas a ocasião me lembrou de um texto interessante que li em dezembro, escrito pelo jornalista e ex-pastor anglicano Mark Vernon. Ele perguntava se a Matemática seria uma “linguagem divina”.

Alecsandar Milosevic/stock.xchng

Num estilo meio tomista, ele começa o texto dizendo “é, parece que sim”, e elenca alguns argumentos. Em um suposto encontro com alienígenas, Vernon afirma que a Matemática seria um dos melhores candidatos a “linguagem comum” entre nós e os seres de outro planeta. Uma das coisas mais fascinantes sobre a Matemática é que ela funciona muito bem, explica coisas das mais simples às mais complexas, e inclusive conduz a coisas que, de certa forma, não queremos ver, como no caso citado da “constante cosmológica” de Einstein, quando o grande físico ainda não estava convencido sobre a expansão do universo. Nesse sentido, a Matemática parece ser descoberta, e não inventada (discutimos isso no blog há um ano e meio, a propósito de um texto de Marcelo Gleiser). Vernon lembra que muitas vezes a “beleza” de uma equação matemática é vista como indício de que o cientista está no caminho certo. Isso já levou muita gente a tirar conclusões metafísicas sobre a Matemática, e o texto cita Leibniz como um dos que viam a Matemática como expressão da mente divina.

Mas, por outro lado, Vernon argumenta, a coisa não é assim tão simples. Um “Deus matemático” é diferente do Deus pessoal da tradição judaico-cristã, diz o jornalista (embora eu particularmente não veja contradição entre ambos), que cita cientistas que, embora reconheçam as maravilhas da Matemática, não a associam a nada divino, como Roger Penrose. Mas outro bom argumento de Vernon, a meu ver, é o de que a Matemática pode não ser tão 100% perfeita como costumamos acreditar, já que no nível da Física Quântica, em escalas mínimas, a Matemática tem seus buracos. Para ele, um novo tipo de Matemática pode surgir da observação do mundo “micromicroscópico”, ou seja lá como chamemos a escala com que a Física Quântica trabalha.

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