Tendência a ver imagens "espirituais" em vidraças ou comida é apenas uma manifestação de um fenômeno mais amplo que nos leva a encontrar significado em coisas que não o têm. (Imagem: Carlos Ruas / reprodução autorizada / www.umsabadoqualquer.com)| Foto:

Eu sou bem cético quanto a esses casos de “Nossa Senhora da Vidraça”, em que pessoas alegam ver a imagem da Virgem formada no vidro, embora não duvide da boa fé dessas pessoas (diferente é um Nicolás Maduro da vida dizendo que a cara do Hugo Chávez apareceu no metrô de Caracas; aí é charlatanismo puro). Por isso achei muito interessante um texto que vi no site do Guardian, sobre esse fenômeno que todos nós experimentamos em algum grau, a apofenia ou pareidolia. Embora o artigo do Guardian os trate como sinônimos, parece que existe uma sutil diferença, com a pareidolia sendo uma forma de apofenia. O artigo começa descrevendo as experiências do psicólogo letão Konstantins Raudive, que jurava conseguir gravar a voz dos mortos. Mas o que acontecia, na verdade, era que ele, e as demais pessoas que ouviam a gravação cheia de ruídos tendiam a “ouvir” aqueles padrões que já lhes eram familiares.

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“Em vez de descobrir uma forma de comunicação com os mortos, Raudive tinha redescoberto, sem querer, um formidável talento humano para perceber significado onde não existe nenhum. Conhecido por apofenia ou pareidolia, é algo que todos nós experimentamos em algum grau. Vemos rostos nas nuvens e animais em formações rochosas. Julgamos ouvir nosso nome chamado no meio de uma multidão e achamos que nossos celulares estão vibrando quando na verdade isso é apenas a sensação normal do nosso próprio corpo em movimento”, diz o artigo (essa do celular costuma acontecer comigo). O famoso teste de Roschach é um modo de descobrir como cada um usa essa tendência.

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O artigo não fala especificamente de fenômenos como a “Nossa Senhora da Vidraça” ou o do Jesus no salgadinho de queijo; só traz uma foto da “Nossa Senhora do Queijo Quente” (eu, particularmente, até vejo um rosto ali, mas daí a dizer que é a Virgem Maria…). Mesmo assim, a descrição se encaixa perfeitamente nesses casos. E, por mais que eu duvide dessas “aparições”, pelo menos me torna mais compreensivo em relação a esses casos; afinal, não deixa de ser um fenômeno mental ao qual todos nós estamos sujeitos.

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