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Nesses dias, os bispos brasileiros estão todos reunidos em Aparecida para a Assembleia Geral da CNBB. Dias atrás, foi a vez de parte dos bispos europeus se reunir em Paris, junto com os responsáveis pela Pastoral Universitária de cada nação europeia, para discutir o papel da universidade na relação entre ciência e fé. O site Vatican Insider, do jornal italiano La Stampa, tem um relato em espanhol.

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Um dos convidados para falar aos bispos e demais representantes foi o britânico Andrew Pinsent, que, além de padre, é o diretor de Pesquisa do Centro Ian Ramsey para Ciência e Religião da Universidade de Oxford – a mesma instituição que vem organizando o projeto Ciência e Religião na América Latina. Foi assim que o conheci em 2011, na Cidade do México. Por e-mail, o padre Pinsent escreveu um pouco sobre o encontro, e sobre como os bispos europeus encaram o tema. “Até onde posso ver, existe um amplo entendimento dentro da Igreja de que atualmente existem poucas (quando existem) autênticas dificuldades teóricas sobre a relação entre ciência e fé, desde que os verdadeiros significados da fé e da ciência sejam esclarecidos com uma boa formação filosófica e teológica”, afirmou. Mas, ao mesmo tempo, ainda existem dificuldades culturais e pastorais, porque o Novo Ateísmo adotou a retórica dos velhos ateus do século 20, especialmente os soviéticos, ao retratar a fé como anticientífica. “Essa propaganda tem o seu impacto, especialmente entre estudantes, formadores de opinião e políticos”, diz o padre Pinsent.

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Por isso, ele conta, o centro da sua palestra e de outras foi a necessidade de contestar o paradigma de conflito e mostrar um relato mais rico e positivo sobre a interação entre ciência e fé. E, para o sacerdote (que tem doutorados em Física e Filosofia), uma maneira de conseguir esse objetivo é espalhar o máximo possível de informações históricas que desafiem essa noção do conflito. “É fato histórico, por exemplo, que padres católicos criaram a genética (Mendel) e a teoria do Big Bang (Lemaître), e ambas as teorias foram rejeitadas por décadas na União Soviética ateia”, afirma. Outra estratégia é ressaltar as contribuições culturais da fé para a civilização, como a criação das primeiras universidades na Europa medieval. “Por fim, também podemos demonstrar como uma percepção católica do mundo produziu um senso de beleza e ordem na maneira como entendemos o cosmos (como pode ser visto através da história da arte). Não é questão de nos gabarmos, mas de mostrar mais enfaticamente esses ‘frutos da fé’ por bons motivos, por razões pastorais”, acrescenta Pinsent.

“Poderíamos resumir da seguinte maneira: precisamos mostrar que, embora a principal tarefa da Igreja seja levar as pessoas ao Céu, quando somos fiéis a essa missão ajudamos a preservar e a espalhar a civilização na Terra”, conclui.

Até onde sabemos, a palestra de Andrew Pinsent em Paris não foi gravada, ou pelo menos a gravação não foi divulgada, mas uma apresentação muito parecida (segundo o próprio Pinsent) está no vídeo abaixo:

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Evento sobre ciência e fé em Curitiba
No próximo dia 20, é a vez deste blogueiro dar uma palestra na Escola do Bosque:

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