A Fundação BioLogos, vocês sabem, tem como missão fomentar a compreensão da compatibilidade entre evolução e criação entre o público cristão, especialmente os evangélicos norte-americanos. Hoje, no blog da entidade, o geneticista Praveen Sethupathy, professor da Universidade da Carolina do Norte, conta de uma maneira interessantíssima como ele lida com o tema quando conversa com crianças.
Além de seu trabalho universitário, Sethupathy também lida com educação científica para crianças (ou pré-adolescentes, ou adolescentes, não fica muito claro) que já passaram pela catequese (ou “escola dominical”, como muitos protestantes chamam a educação religiosa oferecida às crianças) e, lá, ouviram de seus professores que a única interpretação correta do início do Gênesis é aquela estritamente literal: tudo foi criado em seis dias de 24 horas, há mais ou menos 6 mil anos, dinossauros e humanos conviveram, e toda a conversa típica do criacionismo de Terra jovem. Quando começam a estudar ciências com mais profundidade, vem o tilt na cabeça da garotada. “O estrago [feito pelo ensino do criacionismo] é evidente, e revertê-lo não é fácil”, diz o professor, que se questiona: “Mas e se eles tivessem sido abordados de outra forma quando crianças? E se eles tivessem tido chance de explorar sua fé e ao mesmo tempo dar vazão à sua curiosidade intelectual? E se a sua própria visão sobre quem é Deus para eles tivesse sido encorajada?”
E o geneticista oferece, como exemplo de criança que aprendeu a pensar diferente, o seu próprio filho de 6 anos, Caedmon. Reparem nos diálogos entre pai e filho. Às vezes podem parecer inverossímeis demais para um menino com essa idade, mas não podemos subestimar a inteligência das crianças, ainda mais quando se convive num ambiente que fervilha intelectualmente, como imagino ser a casa de Sethupathy. O pai, nesse caso, tem o mérito de ser um provocador. No caso das fadas, pergunta ao filho se Deus não seria mais poderoso se criasse tudo de uma vez só, num estalar de dedos, em vez de criar por meio de um longo processo. E, depois, ainda quer saber se o filho vê alguma razão no fato de Deus criar lentamente, em vez de instantaneamente. E vejam o outro diálogo, sobre a possibilidade de salvar um animal da extinção. Aqui, o pai professor vê a oportunidade de diferenciar o poder criador de Deus do poder criador dos homens por meio da ciência. E, ainda por cima, faz o filho pensar sobre os possíveis limites da ação humana sobre a criação.
Eu sei que no Brasil a controvérsia sobre criação e evolução é bem mais fraca que nos Estados Unidos, mas eu gostaria de saber de pais, catequistas, professores de escola dominical e professores de ciências que ensinam em escolas confessionais: como vocês lidam com esse tipo de assunto? A partir de que idade vocês acham que as crianças estão prontas para esse tipo de tema? Que fontes vocês costumam usar quando conversam com as crianças sobre criação e evolução?
Prêmio Top Blog 2013, votação em breve!
Em 9 de setembro começa a primeira rodada de votação da edição 2013 do prêmio Top Blog. Em 2010 e 2011, o Tubo venceu a categoria “Religião/blogs profissionais” pelo voto popular. Em 2012, não ficamos entre os finalistas, mas o Blog Animal, também da Gazeta, venceu sua categoria pelo júri acadêmico. Esse ano, teremos outros blogs da Gazeta do Povo concorrendo também, à medida que eles forem se inscrevendo vocês saberão como votar em todos eles.
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