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Como foi o evento de ciência e fé em Curitiba
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Eu estava fora da cidade, mas o Jônatas Dias Lima, repórter da Gazeta do Povo, foi ao evento de ciência e religião na Escola do Bosque, no sábado passado, e produziu um relato para o blog, confiram:

Ocorreu no último sábado o segundo encontro sobre Ciência e Fé promovido pela Escola do Bosque, no bairro São Lourenço. Os palestrantes foram: o professor Paulo Henrique Neiva de Lima, físico, doutor em Ciências pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e fundador da Associação Paulista de Professores de Física (Aprofi), que falou sobre possibilidades astronômicas que confirmariam a Estrela de Belém; e o professor Alexandre Zabot, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que é graduado em Física e doutor em Astrofísica, e falou sobre a origem e formas de vida no universo.

Neiva citou um exercício que deu aos seus alunos, sugerindo que verificassem o case da Estrela de Belém, descobrindo como estava o céu em Belém há 2 mil anos. A tarefa seria possível graças a planetários digitais, como o do site Stellarium.org. Para chegar à informação correta, no entanto, seriam necessárias outras informações que fornecessem uma datação mais precisa. Para isso, seria preciso o uso de fontes históricas como os evangelhos de Marcos e Lucas, na versão mais antiga (Vulgata); a Catena Áurea de São Tomás de Aquino; e os escritos de Orígenes, Irineu de Leão e do historiador Flavio Josefo.


Os magos e a Estrela de Belém, na visão de Gustave Doré: supernova e conjunção planetária estão entre as hipóteses mais aceitas para o fenômeno. (Imagem: Reprodução)

Uma dificuldade na verificação seriam as diferentes interpretações para a frase “vimos uma estrela no oriente” (Mt 2, 1-6). Segundo Neiva, a dúvida seria se eles estavam no Oriente e viram uma estrela, ou se eles vinham do Ocidente e viram uma estrela no Oriente. Nesse ponto, a bibliografia disponível não permite uma resposta conclusiva.

Com as informações apontadas pelas fontes históricas, o SkyMap – outro tipo de planetário digital – teria apontado algumas possibilidades, como uma Nova que teria aparecido em 4 a.C. e outra em 5 a.C., confirmada por antigas anotações chinesas. O próprio cometa Halley foi cogitado, já que há registros de uma passagem dele em 12 a.C., mas esse prazo, segundo Neiva, extrapola a margem de tempo aceitável para se considerar o nascimento de Cristo, que iria no máximo até 8 a.C. Dentro desse período estaria uma outra hipótese. Em 7 a.C. teria ocorrido uma conjunção planetária – termo também usado pela astrologia, mas que em astronomia significa algo muito diferente – entre Júpiter e Saturno, que poderia ter resultado numa luz fora do comum. O exercício não chegou a nenhuma afirmação definitiva, limitando-se a elencar possibilidades, mas, segundo Neiva, serviu para enfatizar a necessidade de uma cultura geral sólida (nesse caso, o conhecimento das fontes históricas do cristianismo) para lidar com questões multidisciplinares.

Astrobiologia
Na segunda parte do evento, foi a vez de o professor Zabot falar sobre astrobiologia, deixando claro desde o início que não se tratava de ufologia. Para ele, um dos maiores motivos para procurar vida em outros planetas é a possibilidade de descobrirmos algo que pode estar no futuro de nosso planeta, mas é o passado de outros.

Zabot explicou que os primeiros 10 milhões de anos para qualquer planeta são essenciais para definir as características que ele terá pelo resto de sua existência. É nessa fase que se formariam as condições de vida. Zabot citou Darwin e o quanto sua teoria da evolução impactou a astrobiologia, já que tudo nessa área é pesquisado a partir de um ponto de vista evolutivo.

Para ele, a probabilidade de existência de vida fora da terra é muito grande, especialmente depois da confirmação da existência de água em outros planetas, como em Marte. Ele citou o caso de uma lua de Saturno, chamada Titã, sobre a qual há grande suspeitas de que abrigue um oceano sob sua superfície gelada.

O físico concluiu falando da sintonia fina existente nos fatores que levaram ao surgimento de vida na Terra. Para ele, o estudo dos astros dá mais suporte para uma visão teológica do universo que para as explicações que optam pelo acaso.

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