Voltei de férias nesta semana. Não li tudo o que gostaria, mas apareceram algumas coisas interessantes na internet nesse mês de maio. Uma delas é um texto no site RealClearScience sobre a recepção nada amistosa que a teoria do Big Bang recebeu quando foi proposta pelo padre e cosmólogo Georges Lemaître.
Como os leitores do blog já sabem, foi em 1927 que Lemaître publicou, em uma revista acadêmica belga, um artigo com dados mostrando que o universo estava se expandindo. Dois anos depois, Edmund Hubble confirmou essa observação (e acabou levando todo o crédito por isso, pelo menos por um bom tempo). Em 1931, Lemaître foi além: em artigo na Nature, sugeriu que, “se voltarmos no tempo, encontraremos cada vez menos quanta, até descobrir que toda a energia do universo está comprimida em alguns ou mesmo em um único quantum”.
O que os cientistas deveriam ter feito? Em condições normais, deveriam ter se lançado em um sem-fim de observações ou cálculos para comprovar ou refutar a teoria. Mas parte da comunidade científica preferiu rechaçar de antemão a noção proposta por Lemaître. Por quê? Por puro preconceito antirreligioso. Para astrônomos e cosmólogos ateus, a ideia do Big Bang se parecia demais com o Fiat Lux do relato bíblico da criação e, por isso, era preciso derrubá-la, defendendo o modelo do universo estático. Ironicamente, o próprio Lemaître rejeitava essa associação entre o momento inicial do universo e o ato criador, e não teve medo de corrigir até mesmo o papa Pio XII quando o pontífice fez essa ligação. Ross Pomeroy, autor do texto do RealClearScience, lembra que Fred Hoyle, que inventou o termo “Big Bang” para zombar da teoria de Lemaître, insistiu no universo estático até sua morte, em 2001, mesmo quando as evidências em favor do Big Bang já tinham se tornado mais que avassaladoras. Agora, imaginem o prejuízo para a ciência se esse grupo tivesse prevalecido!
E depois dizem que é a religião que atrasa a ciência…
Pequeno merchan
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