| Foto:

Soube com um pouco (ok, dois meses) de atraso de uma pesquisa elaborada pelo Barna Group sobre os motivos que levam jovens evangélicos norte-americanos a abandonarem suas igrejas durante a adolescência. Foram encontradas seis razões principais, e vejam só qual foi a terceira delas:

CARREGANDO :)

Uma das razões para jovens adultos se sentirem desconectados da igreja ou da fé é a tensão que eles detectam entre o Cristianismo e a ciência. A percepção mais comum nessa arena é a de que “os cristãos confiam demais no fato de terem todas as respostas” (35%). Três de cada dez jovens adultos com formação cristã sentem que “as igrejas estão desatualizadas em relação ao mundo científico em que vivemos” (29%). Um quarto adere à noção de que “o Cristianismo é contrário à ciência” (25%). E quase a mesma proporção (23%) disse que “o debate criação versus evolução os decepcionou”. Assim, a pesquisa mostra que muitos jovens cristãos que gostam de ciência estão lutando para encontrar meios de se manterem ao mesmo tempo fiéis às suas crenças e à sua vocação profissional em campos ligados à ciência.

Publicidade

Obviamente são dados preocupantes; em alguns casos, eles refletem uma generalização (afinal, “o Cristianismo” na verdade é uma série de igrejas e comunidades eclesiais, cada uma dizendo coisas às vezes bem diferentes das outras); em outros, ignorância (o que temos visto ao longo desses três anos de blog é que o Cristianismo mais impulsionou que freou o desenvolvimento científico); e, por fim, mostram a consequência da pregação criacionista e anticientífica de líderes como Ken Ham. Em um artigo no Huffington Post, Karl Giberson diz que as crianças são encorajadas por Ham a perguntar “você estava lá?” sempre que algum cientista faz algum tipo de afirmação sobre o passado do planeta, como se isso fosse suficiente para desqualificar qualquer informação que a Biologia ou a Geologia nos trazem. Eu já vi muita coisa ridícula nesse campo, mas essa é uma das piores. E ainda por cima essa estratégia é um feitiço que se vira contra o feiticeiro, afinal o cientista também poderia perguntar “você estava lá?” para o sujeito que dissesse “o universo foi criado há 6 mil anos”.

A julgar pelas palavras de Giberson, esse não é um problema muito fácil de resolver. O autor de Saving Darwin fala de sua experiência pessoal com alunos que aprenderam a conciliar a ciência moderna e sua fé cristã, mas provavelmente jamais voltarão a suas congregações de origem se os líderes religiosos insistirem em negar as evidências científicas. No fim, na pior das hipóteses esses jovens acabarão perdendo a fé; também podem seguir em um cristianismo não denominacional; ou encontrarão outras comunidades onde a relação entre ciência e fé está bem resolvida.

——

Você pode seguir o Tubo de Ensaio no Twitter e curtir o blog no Facebook!

Publicidade