Política e economicamente, sou contra Estado grande (e gastador). Prefiro o princípio da subsidiariedade, em que a instância superior só interfere naqueles assuntos que a instância inferior não pode ou não quer resolver. Por isso, vejo com bons olhos a proposta da “Big Society”, do primeiro-ministro inglês, David Cameron. Ele quer que as pessoas, grupos e comunidades passem a ser protagonistas da ação social, em vez do Estado. Uma das manifestações dessa proposta é a instituição de “escolas livres”, um modelo importado da Suécia: apesar de ainda financiadas pelo governo e precisarem ser aprovadas por ele, elas ficam a cargo de comunidades ou instituições, ou mesmo grupos de pais que acreditam conhecer melhor as necessidades educacionais de suas crianças.
Um efeito colateral deste sistema é que ele pode se prestar ao que alguns consideram segregação, inclusive religiosa. Um mesmo bairro poderia ter várias “escolas livres” confessionais (obviamente, se a Fundação Richard Dawkins quiser montar a sua escola, também pode fazê-lo). São consequências da livre iniciativa. No entanto, como os currículos também ficam sob responsabilidade de quem administra a escola, o British Centre for Science Education (BCSE) manifestou a preocupação de que o criacionismo fosse imposto aos alunos de algumas “escolas livres” nas aulas de Ciências.
Ontem, o Guardian informou que o Ministério da Educação britânico deixou bem claro: o criacionismo não terá lugar nas aulas de Ciências das “escolas livres”. Um grupo protestante que se inscreveu para montar uma escola para 652 crianças avisou, no começo do ano, que, embora defenda o criacionismo e vá ensiná-lo, não fará isso nas aulas de Ciências, que incluirão a evolução. Não foi suficiente para o BCSE.
Pessoalmente, acho que escolas confessionais têm todo o direito de ensinar suas crenças aos alunos, assim como, se o Dawkins quiser montar uma escola, tem todo o direito de ensinar o ateísmo; quem matricula seus filhos sabe onde está colocando suas crianças. Agora, cada coisa deve ser ensinada no seu devido lugar.
A festa da direita brasileira com a vitória de Trump: o que esperar a partir do resultado nos EUA
Trump volta à Casa Branca
Com Musk na “eficiência governamental”: os nomes que devem compor o novo secretariado de Trump
“Media Matters”: a última tentativa de censura contra conservadores antes da vitória de Trump
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS
Deixe sua opinião