Dalai Lama defende os Magistérios Não Interferentes

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O Dalai Lama encerrou no fim de semana uma curta visita ao Brasil, e na sexta-feira passada recebeu representantes da comunidade científica. Infelizmente, para um evento que foi das 9h35 às 15h30, os relatos publicados na imprensa não poderiam ter sido mais lacônicos. No da Folha Online, a única frase do líder religioso sobre o tema é “Precisamos separar as coisas da ciências das coisas da religião. Não existe diálogo entre ciência e budismo.” A repórter do Diário do Grande ABC avançou um pouquinho e trouxe mais frases: “Acredito que não deveríamos misturar a pesquisa científica, a crença religiosa e a parte ética. Deveriam ser coisas separadas”, e “dentro do budismo, a gente se ocupa com o treinamento da mente e, por isso, é importante compreender o seu funcionamento”.

O Dalai Lama encontrou representantes da comunidade científica e demonstra muito interesse pela neurociência.

Uma descrição um pouco melhor do encontro foi feita também na Folha de S.Paulo, pelo Reinaldo Lopes. Parece que o texto não está no site do jornal (ou pelo menos não está disponível para não assinantes), mas o pessoal da Unisinos botou no ar. Lopes descreve o Dalai Lama como um “curioso da neurociência” e, em sua visão sobre a relação entre religião e ciência, um seguidor de Stephen Jay Gould, o formulador dos Magistérios Não Interferentes. Embora os MNI sejam uma abordagem do tipo “cada um no seu quadrado”, talvez seja um pouco de exagero usar títulos como os que vimos na imprensa desde sexta-feira. “Rejeita diálogo” é forte demais para um líder religioso que incentiva um programa universitário de ensino da ciência a monges tibetanos na Índia. Outros dois textos do Dalai Lama (“A encruzilhada da ciência” e “Uma colaboração entre a ciência e a religião”) parecem mostrar uma relação mais camarada; ainda distante da colaboração total, mas também longe do isolamento total.

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