Na sexta-feira passada, comentei o primeiro episódio da série Curiosity, do Discovery Channel, em que Stephen Hawking argumentava contra a existência de Deus usando conceitos da Física. Após a transmissão do episódio, o Discovery promoveu um debate em estúdio, com a participação de alguns convidados, gravada anteriormente. Como prometido na semana passada, faço alguns comentários. Quem quiser pode, primeiro, ver o debate propriamente dito (estava no YouTube e no blog de Sean Carroll; em seguida, coloco pequenos clipes do site do Discovery).

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Carroll tem toda a razão quando diz que o formato do debate prejudicou muito a discussão. É pouco tempo (pouco mais de 20 minutos) com seis pessoas e muito assunto, o que força uma sequência de one-liners sem muita chance de aprofundar o assunto, ou permitir réplicas e tréplicas. Mesmo assim, algumas ideias interessantes emergiram da conversa.

Paul Davies, em uma de suas primeiras intervenções, argumentou que o Deus de que Stephen Hawking fala (por exemplo, um Deus sujeito ao tempo, ou dentro do tempo; Davis não diz isso, mas é o que se conclui do argumento final de Hawking) não é exatamente o Deus do qual os teólogos falam. De fato, é preciso saber de que Deus estamos falando. Carroll argumenta que, se um dos papéis de Deus é ser criador, a cosmologia diz que tal criador não é necessário (o que eu considero, como todo mundo sabe, uma afirmação bem controversa por tirar conclusões metafísicas de realidades físicas).

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Alguns dos participantes do debate defenderam a ideia de que a ciência não tem nada a dizer sobre Deus. Carroll respondeu que, se Deus supostamente afeta o que acontece no mundo, então a ciência tem, sim, algo a dizer. Como o apresentador do programa lembrou, já se acreditou que era Deus quem fazia chover. A ciência mostrou que havia outras causas, e isso é ótimo; vale para a chuva, para os terremotos, para o câncer. Mas o que me parece é que, nesses casos, a ciência dá pistas sobre o que Deus não é, ou o que não faz. Mas, ainda assim, como diz John Haught, a ciência como método não é capaz de fechar a “questão Deus”.

As partes finais do debate foram dedicadas mais à relação entre ciência e religião, de uma forma geral. Mais uma vez, John Haught: sabemos que o universo é compreensível ao homem. Uma das tarefas da Teologia é perguntar por que é assim; e a Teologia também deve incentivar a ciência a continuar investigando e ampliar nossa compreensão do universo.

A votação para a edição 2011 do Prêmio Top Blog vai até 11 de outubro. Ano passado, o Tubo de Ensaio, concorrendo na categoria “religião/blogs profissionais”, foi o vencedor pelo voto popular. Vamos tentar o bicampeonato e buscar melhorar a posição no júri acadêmico, em que o Tubo terminou em terceiro lugar na edição 2010. Para votar, clique aqui, ou no selo ao lado.

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