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Direto da cidade dos macacos
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Divulgação
“Evolving in Monkey Town” conta a experiência de Rachel Evans, que saiu de uma visão fundamentalista da Bíblia para conciliar o relato da criação com a teoria da evolução.

Testemunhos não são prova estatística de nada, eu sei. Mas não deixam de ser interessantes. E ontem li o depoimento da escritora Rachel Held Evans, significativo por muitos motivos. Ela viveu a maior parte da sua vida em Dayton, no Tennessee, cidade famosa pelo julgamento Scopes, que acabou apelidado de “monkey trial”. Apesar de o criacionismo ter saído derrotado daquele tribunal, o local ainda é uma fortaleza antievolucionista, até mesmo por um certo ressentimento, como descreve Rachel, pelo fato de os locais terem sido ostensivamente ridicularizados durante o julgamento. E ela cresceu ouvindo (e acreditando) que Darwin estava errado porque contrariava a Bíblia. Até chegar à faculdade, quando viu que não era bem assim que a banda tocava, o que causou em Rachel uma crise de fé, da qual ela foi resgatada por meio da leitura (em primeiro lugar, de A linguagem de Deus, de Francis Collins), até descobrir que evolução e Cristianismo são totalmente compatíveis.

Rachel descobriu, na prática, o que São Roberto Bellarmino escreveu, no meio do julgamento de Galileu, a um outro astrônomo. Eu já fiz essa citação antes, mas nunca é demais repetir. Segundo o cardeal inquisidor, casos os dados científicos entrassem em conflito com nosso entendimento da Escritura, muito provavelmente era o nosso entendimento da Bíblia que estava incorreto e precisava ser revisto. Para Bellarmino, era impossível que a ciência desmentisse a Escritura, e vice-versa. Rachel percebeu isso em relação aos dois primeiros capítulos do Gênesis: a interpretação literal que ela fazia estava errada.

Além disso, o episódio do professor que retalhou a Bíblia, retirando dela toda passagem que deveria ser removida para que a evolução fosse “biblicamente aceitável” (e no fim não teria sobrado quase nada), mostra a responsabilidade de quem tem uma posição de liderança, nesse caso especialmente professores e padres/pastores. Se tiverem uma formação deficiente nesses assuntos, vão passar adiante informações erradas. Por isso achei tão interessante a ideia da Associação Americana para o Avanço da Ciência de levar programas de formação científica aos seminários.

O link que eu dei logo no começo deste post é um relato breve. Mas Rachel conta sua história com muito mais detalhes no livro Evolving in Money Town, que será lançado no próximo dia 1º. Abaixo você confere um videozinho com Rachel em que ela fala um pouco mais das sua experiência de manter sua fé em Deus e aceitar a teoria de Darwin.

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