Para encerrar essa corrida semana pré-feriadão de carnaval, mais um vídeo da Fundação BioLogos para os leitores do Tubo. Nele, o professor Jeff Schloss, do Westmont College na Califória, comenta duas razões básicas que levam muitos protestantes fundamenalistas norte-americanos a rejeitar a evolução.
O que eu considero interessante nesse trecho curtinho do professor Schloss é que nenhuma dessas duas razões surge da teoria de Darwin em si. Embora a segunda razão seja considerada a mais complexa pelo professor Schloss, queria comentar especialmente a primeira delas, que tem origem em uma determinada interpretação literal da Bíblia, tema que inclusive temos discutido na caixa de comentários do post sobre o Deus das lacunas, publicado na semana passada. Reforço o que eu disse lá (até porque nem todo mundo tem paciência de rodar por cerca de 80 comentários): como o autor sagrado (estou me referindo ao indivíduo que escreveu o Gênesis sob inspiração divina) poderia ter usado uma linguagem cientificamente correta, se nem ele, nem o seu “público leitor” tinham esse conhecimento? Relatos como o da criação precisavam ser, e foram, escritos em uma linguagem compreensível e que permitia ao leitor entender o que aconteceu e conhecer as duas grandes verdades religiosas contidas no texto: Deus é o criador do universo, e o homem tem um papel especial nesta criação por ser imagem e semelhança de Deus.
A segunda razão que leva fundamentalistas a rejeitar a evolução vem, por outr lado, de interpretações da teoria de Darwin, aquelas segundo as quais o processo evolucionário dispensaria uma entidade sobrenatural. Schloss segue dizendo mais ou menos o que já tenho comentado aqui: que o Deus cristão não é um criador que “sai de férias” depois do Big Bang, mas um ser que intervém na história do homem; e que a evolução, mesmo com a aleatoriedade das mutações, por exemplo, não exclui de todo a noção de um propósito por trás do processo. Claro, aí já saímos da ciência, pois propósito não tem como ser comprovado ou negado em laboratório, mas a visão filosófica é compatível com a teoria biológica, como aliás já vimos aqui na entrevista do Karl Giberson.
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Na semana que vem, com um pouco mais de calma, teremos mais material sobre Bíblia e evolução. Continuem acompanhando.
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