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E se a evolução tivesse ocorrido de outro jeito? Rodney Holder responde
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No post anterior, comentei uma entrevista do dr. Rodney Holder, da Universidade de Cambridge, e mencionei que, entre as posições de Stephen Jay Gould (a de que, se o tempo voltasse alguns milhões de anos e recomeçasse dali, a evolução levaria a um “mix” de espécies totalmente diferente da atual) e a de Simon Conway Morris (para quem a evolução levaria inevitavelmente, mais cedo ou mais tarde, ao surgimento de algo pelo menos parecido com os atuais humanos), Holder parece preferir a posição de Morris, e até por isso não chegava a comentar, na entrevista, sobre a possibilidade de, no novo “mix” de espécies imaginado por Gould, seres bem diferentes de nós desenvolverem a espiritualidade.

Mas, como esse assunto também esteve na nossa pauta – e aqui voltamos aos “pinguins inteligentes” –, resolvi perguntar a Holder sobre essa possibilidade e ele topou esse exercício de “e se tivesse sido de outro jeito?”. A resposta foi breve, mas creio ser esclarecedora. Vamos supor que Gould estivesse certo e que a evolução pudesse criar um mundo em que não houvesse primatas: seria possível que alguma outra espécie nos “substituísse”, digamos assim, como destinatários da Revelação divina? “É complicado dizer, mas não podemos excluir essa hipótese”, afirma Holder. A seguir, ele explica os critérios para que isso pudesse ocorrer. “Há características acidentais, como por exemplo o número de dedos, que poderiam ser diferentes. Mas acredito que a vida mental complexa que temos, com a racionalidade e o livre arbítrio, isso, sim, teria de estar presente nesta espécie hipotética assim como ela se encontra no Homo sapiens atual”, diz.

Essa questão traz de volta a discussão sobre o que significa ser “feito à imagem de Deus”. Depois de reafirmar sua preferência pela visão de Conway Morris sobre a inevitabilidade do surgimento de humanos na Terra, Holder acrescenta, sobre nossa “espécie inteligente não primata” hipotética: “O critério seria o de que, se o Filho de Deus pudesse se encarnar como tal espécie, então ela teria sido feita à imagem e semelhança de Deus.” Mais uma vez fica evidente que essa “imagem e semelhança” não reside nos atributos físicos – este é o engano daqueles, inclusive na imprensa, para quem Darwin teria “destronado” o homem de seu status especial de “ser feito à imagem e semelhança de Deus” ao mostrar que nós viemos de um ancestral comum aos macacos atuais.

Equineator/stock.xchng
Supondo que a evolução tivesse dado a outros seres bem diferentes de nós a capacidade mental de desenvolver racionalidade e livre arbítrio, como seria uma civilização construída por seres como, digamos, golfinhos?

Uma discussão lateral: De passagem, Holder afirmou que essa discussão sobre espécies hipotéticas é parecida com outra, sobre vida extraterrestre inteligente. E aí me ocorreu uma coisa, e gostaria da ajuda dos leitores que se interessam por ficção científica. Eu, pelo menos, não me lembro de nenhuma civilização alienígena, em livros ou filmes, que tivesse características muito diferentes, anatomicamente falando, das nossas. Os ETs podem ser de outra cor, mais longilíneos ou mais “compactos”, mas no geral costumam ter lá cabeça, tronco, braços e pernas. Ou eu é que ando vendo poucos filmes?

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