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Educação liberaliza, mas não elimina a religião
| Foto:
Ann-Kathrin Rehse/stock.xchng
Cada ano adicional de estudo torna as pessoas mais tolerantes e mais propensas a adotar religiões com códigos de conduta menos estritos, diz pesquisa.

A Cathy Lynn Grossman, do USA Today, trouxe mais uma pesquisa que desmente aquele senso comum propagado pelo ateísmo militante de que quanto mais educação, menos religião. Desta vez, a cortesia é de Philip Schwadel, da Universidade de Nebraska-Lincoln. Não consegui achar a publicação original na internet, então vou me guiar pelo resumo da jornalista, minha colega na Religion Newswriters.

O efeito que a educação tem na religiosidade das pessoas, segundo Schwadel, não é o de afastá-las da religião, e sim o de “liberalizar” as convicções religiosas das pessoas. Partindo daquilo que seria o nosso equivalente ao ensino médio, cada ano adicional de formação, diz a pesquisa, aumenta

• em 15% a chance de a pessoa dizer que “há verdade em mais de uma religião”.

• em 15% a chance de que a pessoa tenha participado de alguma cerimônia religiosa nos últimos sete dias.

• em 14% a chance de a pessoa afirmar que acredita em algum tipo de “poder superior” em vez de um Deus pessoal.

• em 13% a chance de a pessoa passar para uma denominação protestante que imponha menos regras de comportamento.

Além disso, quem tem mais formação costuma definir a Bíblia mais como “palavra inspirada” de Deus que como “palavra real” de Deus (provavelmente no sentido de ser Deus mesmo o autor da Escritura).

Eu até gostaria de mais detalhes sobre a pesquisa, porque uma ou outra formulação parece meio ambígua. No caso da tal “verdade em outras religiões”, por exemplo, uma coisa é dizer que duas religiões (por exemplo, o Catolicismo e o Hinduísmo) são igualmente verdadeiras, o que é um erro grosseiro de lógica; outra coisa é você ter uma religião e reconhecer que outras religiões também defendem coisas verdadeiras. Um cristão, por exemplo (seja católico, protestante ou ortodoxo), deve reconhecer que existem “elementos de verdade” em outras religiões que pregam a existência de um Deus criador que Se revelou à humanidade. Aliás, essa é a posição oficial da Igreja Católica.

Schwadel explica que essa “liberalização” é resultado da convivência em sala de aula com colegas de outras religiões. Segundo ele, as pessoas ficam incomodadas de pensar que os amigos que não compartilham as mesmas crenças estão destinados ao inferno. Não é exatamente uma ideia original: ano passado, Robert Putnam e David Campbell lançaram o livro American Grace, resultado de uma pesquisa que chegava à mesma conclusão, mas aplicada a um universo maior: não apenas estudantes, mas qualquer pessoa que convive diariamente com gente de outras religiões tende a ser mais tolerante.

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