Esse até podia ser um post conjunto com o Dia de Clássico, do Rogerio Galindo: o New York Times publicou na sexta-feira passada uma crítica de Kepler, ópera de Philip Glass que faz parte de um festival realizado em Charleston, na Carolina do Sul. A obra estreou em 2009, com libreto de Martina Winkel em latim e alemão (na versão comentada pelo NYT, os trechos em latim permaneceram, mas as partes em alemão foram traduzidas para o inglês. Eu normalmente torço o nariz para esse tipo de coisa, mas a argumentação faz sentido).
O crítico afirma que não chega a acontecer muita coisa em Kepler, motivo pelo qual a peça está mais próxima de um oratório que de uma ópera. O astrônomo alemão do século 17 é apresentado como um professor expondo a seus alunos suas ideias sobre o movimento dos planetas e outros temas, incluindo a Guerra dos Trinta Anos, que afligiu a Europa durante os últimos anos da vida do cientista. Allan Kozinn explica que a noção de que ciência e fé se complementam permeia toda a ópera. De fato, Kepler defendia que a ciência é uma outra forma de se chegar à grandeza de Deus; protestante, ele nunca pretendeu ler a Bíblia como livro de ciência, como já lembramos aqui no comecinho deste ano, motivo pelo qual Kepler é uma das figuras mais interessantes a ter conciliado ciência e fé.
Para quem se interessar, Kepler já tem até gravação em CD. A abertura foi parar no YouTube, onde também é possível achar outros trechos:
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