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Evangélicos americanos vão lentamente aceitando o aquecimento global antropogênico
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Não faz muito tempo foi comemorado o “dia da Terra”, e um dos assuntos que sempre vêm à tona nessas horas é o do aquecimento global. Os evangélicos norte-americanos pareciam ter adotado o pacote dois-em-um: negue a evolução e, de brinde, seja também um cético em relação à participação do homem no aquecimento global. Aliás, essa negação da influência humana nas mudanças climáticas é algo que eu vejo também em alguns católicos (sim, também há rejeição à evolução, mas em escala menor). Ah, sim: coloquei “participação do homem” em itálico mais acima porque acho difícil alguém negar que o mundo esteja realmente passando por um processo de mudança climática (isso hoje; mais abaixo vocês verão que quatro anos atrás o quadro era bem mais feio); a controvérsia é relativa ao nosso papel nisso tudo. Que estejamos poluindo o planeta em escala nunca vista antes também parece bem óbvio, mas há quem diga que isso não tem nada a ver com o aquecimento global.

Mas um professor da Universidade Biola, uma instituição confessional no sul da Califórnia, alega que os evangélicos estão cada vez mais aceitando que o homem ajuda a causar o aquecimento global, segundo reportagem do The Christian Post. Mark McReynolds leciona Ciência Ambiental na universidade; sua percepção, pelo que se entende do texto, deriva não tanto de estatísticas, mas do fato de cada vez mais líderes cristãos evangélicos estarem participando de eventos internacionais que, entre outras coisas, reforçam a necessidade de cuidar do mundo como parte da criação divina. A Convenção Batista do Sul, que era um bastião do ceticismo em relação ao aquecimento global, também vem mudando o tom nos últimos anos, afirma McReynolds.

Em relação a números, o que o texto traz é uma pesquisa de 2008 mostrando que apenas 27% dos evangélicos “acreditavam firmemente” que o aquecimento global estava acontecendo; em dezembro do ano passado, o mesmo Christian Post divulgava uma nova pesquisa (feita por um instituto diferente) segundo a qual mais da metade dos evangélicos acreditavam não só que havia aquecimento global, mas que ele era causado pelo homem e era perigoso.

Bahnmoeller/Creative Commons
No Vaticano, a preocupação com o meio ambiente está até no teto da sala papal de audiências, coberto com painéis solares desde 2008.

O efeito bom de tudo isso é que está aumentando entre os cristãos de todas as denominações a consciência de que o cuidado com o meio ambiente é parte da missão cristã (obviamente como meio, e não como fim). O Gênesis diz que Deus colocou o homem no jardim para cuidar dele, e não para depredá-lo. Temos visto declarações do Papa Bento XVI, da Pontifícia Academia de Ciências e do Conselho Mundial de Igrejas apontando nesse sentido. Podemos até supor, por um momento, que os céticos estejam certos, que o aquecimento global seja um fenômeno cíclico do planeta no qual temos pouca ou nenhuma participação. Mesmo assim, a mobilização que estamos vendo agora certamente ajudará a tornar o mundo um lugar melhor e mais limpo.

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