Richard Dawkins atrapalha a ciência ao forçar um antagonismo entre ela e a fé das pessoas, segundo cientistas britânicos. (Foto: Andrew West/British Humanist Association)
A reportagem é do Independent. O assunto da pesquisa era a representação da ciência diante da opinião pública e o modo como a imprensa retrata os cientistas. Dos pouco menos de 1,6 mil pesquisadores britânicos que participaram da sondagem, 137 foram escolhidos para entrevistas mais longas. Desses, 48 mencionaram Dawkins, e 80% deles não foram nada simpáticos ao biólogo. Obviamente, quem é chegado a uma falácia ad hominem vai dizer que 1. o estudo foi financiado pela Fundação John Templeton e 2. entre os cientistas que criticaram Dawkins havia pesquisadores religiosos. Se é o seu caso, só digo que Carl Sagan se envergonha de você. De qualquer modo, mesmo quem não tem religião deixou claro que Dawkins prejudica a ciência por deliberadamente afastar as pessoas religiosas.
Basicamente, é a mesma crítica feita anos atrás por Chris Mooney e Sheril Kirshenbaum em Unscientific America, que resenhei em 2010. O livro mostra como a sociedade norte-americana perdeu aquele entusiasmo pela ciência que atingiu seu auge durante a corrida espacial e teve seu último espasmo com Sagan. Foram quatro as pontes destruídas: com a política, com a imprensa, com o mundo do entretenimento e com a religião. E, nesse último caso, o fato de ateus militantes pretenderem forçar as pessoas a escolher entre a ciência e a fé fez o estrago.
(Aviso 1: A Fundação John Templeton, citada neste post, ajudou a bancar a viagem e a hospedagem do blogueiro para um workshop em Oxford, em 2013.)
(Aviso 2: sim, a frequência dos posts do Tubo de Ensaio está muito errática. É que ainda estou me acostumando a planejar meu tempo, agora que tenho um bebê recém-nascido que enche a casa de alegria, mas também exige muita dedicação.)
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