As entidades científicas argentinas andam revoltadas com as autoridades educacionais da província de Buenos Aires (que, apesar do nome, não inclui a capital argentina, e sim a região em volta da cidade). Isso porque o governo local chamou o físico e “ativista quântico” Amit Goswami para dar palestras de capacitação a assessores, coordenadores e educadores locais em março deste ano. Os cientistas da Associação Física Argentina lançaram uma carta aberta ao diretor de Cultura e Educação da província, mas até agora não tiveram resposta.
Os físicos estão deixando bem claro que não têm a menor intenção de hostilizar religião nenhuma. Sua crítica, e nisso lhes dou total razão, é à mistureba que Goswami faz entre a mecânica quântica e a espiritualidade. Esse é um tema que já desenvolvi quando se anunciou que o indiano estaria em Curitiba, e o Maurício Tuffani explicou ainda melhor que eu o que tem de errado nessa história, então não há necessidade de repetir tudo agora, basta seguir os dois links acima.
Curioso que, quando fui dar a palestra em Barretos sobre a mitologia da história da relação entre ciência e fé, no fim de semana retrasado, acabei tratando de relance da famosa classificação de Ian Barbour (conflito, independência, diálogo e integração; aliás, preciso escrever com calma sobre isso aqui no blog um dia desses), e citei como exemplo de má integração justamente essa tentativa de misturar física quântica e religião. Que tristeza que esse tipo de coisa continue prosperando por essas bandas.
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