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Formação científica leva à perda da fé?
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Tommy LaVergne/Divulgação
Elaine Ecklund é professora da Rice University e autora de “Science vs. Religion: What scientists really think”.

Muita gente pensa que sim (e muitos ateus militantes gostam de trombetear essa ideia), mas a pesquisadora Elaine Ecklund concluiu que não é bem assim que a banda toca.

Elaine escreveu Science vs. Religion: What scientists really think, o resultado de uma pesquisa de quatro anos envolvendo cerca de 1,7 mil cientistas de 21 universidades norte-americanas de renome. Segundo Elaine, os cientistas são mais religiosos do que se imagina, embora de uma maneira diferente da convencional. A maioria deles se descreveu como “espirituais” ou “com interesse em espiritualidade”, embora não necessariamente tenham qualquer filiação religiosa. Por outro lado, ela chegou a encontrar cientistas declaradamente agnósticos que não viam nenhum problema em frequentar uma igreja.

A pesquisadora participou de um podcast com o escritor Chris Mooney, autor de Unscientific America (vocês ainda lerão sobre esse livro aqui no Tubo). Eles conversaram sobre vários assuntos relativos ao livro de Elaine, incluindo a pergunta que dá título a esse post.

Reprodução
Ecklund entrevistou cerca de 1,7 mil cientistas para seu livro.

Os números da pesquisadora mostram que normalmente os cientistas ateus já vêm de famílias ateístas, ou nas quais a religião não é importante (por exemplo, gente que só lembra que é católica quando o funcionário do IBGE vem fazer perguntas para o censo). Por outro lado, cientistas que têm convicções religiosas fortes costumam vir de famílias que valorizam esse aspecto da vida, e mesmo os que passaram por alguma crise de fé a viveram quando ainda não eram cientistas (ou seja, possíveis crises não seriam culpa da ciência). Ou seja, crer ou não é uma escolha que na maioria das vezes é feita antes que a pessoa consiga sua formação científica. No entanto, Elaine cita um possível efeito do conhecimento científico sobre pessoas religiosas: aquelas que vêm de ambientes fundamentalistas acabam se tornando mais moderadas.

Mas, como (pelo menos nos Estados Unidos) parte das famílias religiosas têm um pé atrás com a ciência, por causa da noção (errada) de que ciência leva ao ateísmo, a tendência seria a de termos menos jovens vindos dessas famílias buscando a carreira científica. O que seria muito ruim, embora os chamados “ateus de segunda geração”, segundo Elaine, sejam bem menos hostis à religião do que os “ateus de primeira geração”.

Obviamente não descarto a possibilidade de gente que tenha abraçado o ateísmo por causa de sua atividade como cientista. Se o Juca Kfouri virou ateu por causa de futebol (pelo menos é o que ele mesmo conta)… mas eu me pergunto até que ponto não se trata de pessoas já predispostas a deixar Deus de lado e que estavam apenas procurando um pretexto para tal, seja uma derrota do Corinthians ou a teoria da evolução.

Ouça o podcast de Elaine Ecklund e Chris Mooney aqui. Se você quiser salvar o mp3 para ouvir depois, é só clicar no link acima com o botão direito do mouse, selecionar “Salvar destino como” e escolher a pasta do seu computador onde você quer arquivar o áudio. A parte sobre a influência da família (e a não influência da ciência) sobre a religiosidade dos cientistas está entre os minutos 17 e 20.

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