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No post anterior, eu comentei sobre a questão da interpretação da Bíblia, e da nossa reação quando nos defrontamos com informação científica que parece desmentir aquilo em que acreditamos. Esta semana, a Fundação BioLogos botou no ar um vídeo com o pastor protestante Joel Hunter, da Northland, A Church Distributed (o nome é esse mesmo), na Flórida.

Hunter argumenta que é preciso ter muita humildade na hora de pregar sobre o relato da criação como está descrito no Gênesis. Em primeiro lugar, humildade por parte dos pastores que defendem uma interpretação literal, para reconhecer que o relato permite mais de uma leitura e que interpretações diferentes não são ameaças à fé. Esses pastores precisam perceber duas coisas: mais e mais fiéis estão se sentindo desconfortáveis com uma pregação que é desmentida pelas descobertas científicas; e Deus, sendo Deus, poderia ter criado o mundo do jeito que quisesse. E um mundo que evolui, em vez de ser criado prontinho, diz mais ainda sobre a onipotência e a criatividade divinas.

Mas, por outro lado, também os pastores que não adotam o literalismo (por exemplo, os que aceitam a evolução) também precisam ser humildes na hora de lidar com as pessoas que não conseguem se desprender da interpretação literal. Hunter menciona o que talvez seja a maior angústia de um “literalista”: se o relato do Gênesis é metáfora, o que impede que todo o resto da Bíblia também não o seja, inclusive a ressurreição de Cristo? O pastor precisa reconhecer que, para muitas pessoas, este não é um dilema fácil, até porque já houve teólogos de peso entre os protestantes a negar a ressurreição, como o luterano Rudolf Bultmann.

Por fim, Hunter dá um recado interessante aos pastores, falando sobre os fiéis: “há pessoas cuja capacidade intelectual é muito maior do que a que estão realmente usando, e elas precisam receber permissão para usar essa capacidade intelectual, para compreender a grandeza e o grande mistério de Deus.”

O vídeo está aí embaixo. Eu testei essas funções novas do YouTube, de legendagem automática. Não achei o resultado muito bom. Se em inglês ele já erra, em português complica ainda mais. O texto não fica incompreensível, mas acho que em algumas coisas quem recorrer à legenda vai ler algo totalmente diferente do que o que Hunter está falando.

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