O Jônatas, do Blog da Vida, me chama a atenção para uma matéria do site Aleteia que trata da 30.ª Assembleia Geral da União Astronômica Internacional, que está ocorrendo em Viena até o dia 31. Foi essa entidade que “rebaixou” Plutão no seu encontro de 2006. Desta vez, o programa não traz nada tão bombástico, mas pretende fazer uma justiça tardia que promoverá uma leve alteração nos livros de Física.
Os leitores do Tubo de Ensaio já conhecem bem o trabalho do padre Georges Lemaître, o pai da teoria do Big Bang. Sabem, por exemplo, que ele percebeu o afastamento das galáxias umas das outras e calculou a taxa dessa expansão do universo, publicando suas descobertas antes mesmo do americano Edwin Hubble. No entanto, o fenômeno ficou conhecido apenas como “Lei de Hubble”. Agora, a IAU pretende reparar essa omissão.
Uma resolução apresentada à Assembleia Geral, por iniciativa do próprio Comitê Executivo da entidade, reconhece o pioneirismo de Lemaître e lembra que ele e Hubble participaram da 3.ª Assembleia Geral, em 1928, quando trocaram ideias sobre suas observações e teorias. Por isso, diz a resolução, o que hoje se conhece por “Lei de Hubble” passará a ser chamado de “Lei de Hubble-Lemaître”. O texto foi apresentado no dia 21 e será votado no dia 30 de agosto.
Se for aprovada, e não vejo motivos para que não seja, a resolução ajuda a reforçar o papel do padre-cientista belga na história da astronomia. Além de sua genialidade e pioneirismo, ele também precisa ser louvado por sua honestidade intelectual, como lembra a matéria do Aleteia. Lemaître soube resistir à tentação de usar o Big Bang como uma prova do ato criador de Deus, tendo corrigido até o papa Pio XII a respeito desse tema. E uma descoberta de 2011, que me passou batida à época, também mostra sua integridade e humildade. Lemaître publicou suas observações em 1927, em francês, em uma publicação acadêmica pouco lida. Hubble fez sua publicação (e começou a levar todo o crédito) em 1929. Dois anos depois, o belga publicou uma versão em inglês do seu texto, mas com uma diferença significativa: alguns parágrafos, incluindo equações importantes, tinham sumido. Sete anos atrás, eu repercuti a teoria do sul-africano David Block, para quem Hubble tinha influenciado o corte para preservar seu crédito pela descoberta. Mas o astrônomo Mario Livio finalmente descobriu o que havia acontecido: o próprio Lemaître havia removido os trechos em 1931, por considerá-los redundantes ou desatualizados em relação ao que Hubble já tinha publicado em 1929. De fato, uma personalidade extraordinária que merece todo o reconhecimento.
Pequeno merchan
Além de editor e blogueiro na Gazeta do Povo, também sou colunista de ciência e fé na revista católica O Mensageiro de Santo Antônio desde 2010. A editora vinculada à revista lançou o livro Bíblia e Natureza: os dois livros de Deus – reflexões sobre ciência e fé, uma compilação que reúne boa parte das colunas escritas por mim e por meus colegas Alexandre Zabot, Daniel Marques e Luan Galani ao longo de seis anos, tratando de temas como evolução, história, bioética, física e astronomia. O livro está disponível na loja on-line do Mensageiro.
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