Nesta semana encontrei um videozinho interessante no Big Think. Foi gravado lá em 2007, mas vale a pena comentar. É a opinião de George Church, professor de Genética na Universidade Harvard, e um dos precursores do Projeto Genoma Humano. Ele, que também leciona no MIT, fala sobre a possibilidade de coexistência entre ciência e religião.
Logo de cara ele aponta um problema que já era recorrente em 2007: a tendência a realçar apenas os extremos da discussão, de ambos os lados. Já comentei aqui que a imprensa acaba ajudando nesse processo, quando prefere dar mais espaço a fundamentalistas religiosos ou cientificistas; afinal, polêmica vende. Ele defende mais espaço na mídia para os, digamos, “moderados”. De 2007 para cá, na minha opinião, os defensores de uma conciliação entre ciência e fé vêm, sim, ganhando terreno lentamente, embora os extremistas não tenham perdido nem espaço, nem audiência. Deixando os fundamentalistas de lado, diz Church, o diálogo seria muito mais produtivo.
Mas o trecho que eu achei mais interessante está na segunda parte. Lá, Church demonstra uma abordagem de integração entre ciência e fé, em vez de defender algo como os Magistérios Não Interferentes de Stephen Jay Gould. Ao mesmo tempo em que várias religiões fazem afirmações sobre o mundo natural, diz, a ciência também carrega um certo componente de fé. Não “fé” como substituta do método científico, mas mais no sentido de acreditar, por exemplo, que a ciência seja boa, ou que aquela descoberta ou técnica específica seja boa, algo que nem sempre há como saber assim, de antemão. Não é bem a noção de “fé” como a maioria dos religiosos a entende, mas não deixa de ser um tipo particular de fé.
Eu até dei uma pesquisada para saber se Church acredita em alguma coisa. Por essa lista de respostas não é possível concluir nada; Jerry Coyne suspeita que ele seja simpático ao Design Inteligente, mas o compilador desta conversa entre Church, Craig Venter e Robert Shapiro afirma que nenhum deles defende o DI (apesar do rumo que o papo sobre ribossomos toma; o diálogo completo está aqui).
Aqui, um aviso que é meio pedido de desculpas também: o blog não tem primado pela regularidade nas postagens, mas são circunstâncias passageiras que devem estar resolvidas em uma ou duas semanas. Enquanto isso vamos convivendo com posts esporádicos enviados em horários heterodoxos…
A votação para a edição 2011 do Prêmio Top Blog começou em 20 de maio. Ano passado, o Tubo de Ensaio, concorrendo na categoria “religião/blogs profissionais”, foi o vencedor pelo voto popular. Vamos tentar o bicampeonato e buscar melhorar a posição no júri acadêmico, em que o Tubo terminou em terceiro lugar na edição 2010. Para votar, clique aqui, ou no selo ao lado. À medida que outros blogs da Gazeta do Povo forem se inscrevendo no prêmio, vocês saberão aqui como votar neles também.
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