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Mais um sonho de Martin Luther King
| Foto:
Yoichi R. Okamoto/White House Press Office
Martin Luther King, com o presidente Lyndon Johnson ao fundo: tanto a ciência quanto a religião podem trazer tanto o melhor quanto o pior do homem.

O blogueiro esteve fora de combate por boa parte desta semana, mas, graças àquele profissional exaltado em Eclesiástico 38,1, está de volta. Na segunda-feira os norte-americanos comemoraram a vida de uma pessoa que, na minha opinião, está entre os grandes heróis do século 20: Martin Luther King Jr. A pausa forçada me impediu de comentar, na ocasião, um texto muito bacana que saiu no Huffington Post, no qual a blogueira Cara Santa Maria lembra que King (cujo memorial e túmulo pude visitar nas duas vezes em que fui a Atlanta) também era um defensor da ciência, e de que ciência e religião podiam e deviam caminhar juntas. Ela começa com a seguinte citação de King:

A ciência pesquisa; a religião interpreta. A ciência dá ao homem conhecimento, que é poder; a religião dá ao homem sabedoria, que é controle. A ciência lida principalmente com fatos; a religião lida principalmente com valores. Os dois não são rivais, são complementares. A ciência evita que a religião afunde no vale do irracionalismo manco e do obscurantismo paralisante. A religião evita que a ciência caia no pântano no materialismo obsoleto e do niilismo moral.

Achei bem interessante King ter usado o “principalmente”, e não o “apenas”, como fazem os proponentes da convivência entre ciência e fé na base do “cada um no seu quadrado”. Como pastor batista, King sabia muito bem que a religião também faz afirmações factuais sobre várias coisas. A blogueira preferiu ressaltar que, na visão de King, a religião evita que a ciência (e não as pessoas) caia no materialismo. Não é preciso ser religioso ou ateu para saber que tanto a religião quanto a ciência podem revelar o que há de mais fascinante no ser humano (ao lado do esporte e da arte, na minha opinião); mas, descalibrados, também podem trazer o pior, e King sabia disso quando disse que sua época era uma época de “mísseis guiados e homens sem direção”, outra citação que Cara Santa Maria traz.

Lamentavelmente, tanto argumentos religiosos quanto científicos foram usados para justificar o racismo, ou a supremacia de uma raça sobre outra (embora a história de que a Igreja Católica tenha ensinado que os negros não tinham alma seja uma mentira das grossas). As teorias de Darwin, por exemplo, foram distorcidas para “comprovar” que brancos eram superiores. Felizmente estamos aprendendo a jogar esse tipo de ideia no lixo. King já sabia que a ciência, mesmo depois de ter sido usada para justificar o racismo, agora estava ajudando a derrubá-lo. Mas ele também ressaltava a necessidade de um compromisso ético e moral entre os seres humanos, e sabia do potencial da religião para conseguir isso.

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