Uma amiga me enviou esse vídeo da candidata à Presidência pelo PV, Marina Silva. Em entrevista a editores da IstoÉ, ela falou sobre ciência e religião; mais especificamente, sobre três assuntos: a pesquisa com células-tronco embrionárias, o criacionismo e o ensino de “alternativas à evolução” (leia-se criacionismo e DI) nas escolas.
Não tenho lá muita simpatia pelo PV (a frase não é minha, mas também acho que “o verde é o novo vermelho”), nem pela Marina, ainda mais depois do discurso “votem em mim porque sou negra, mulher, pobre etc.” (vejam o comentário d Galindo sobre o assunto no Caixa Zero) Mas acho que ela se saiu bem no vídeo. A primeira pergunta tentou estabelecer aquela falsa dicotomia entre ciência e religião, como se todo cientista fosse favorável às pesquisas com embriões (o que é mentira) e como se todo religioso fosse contrário às pesquisas (o que também é mentira). Marina deu uma resposta bem clara: não é questão de religião, e sim de ética. É a ciência, e não a religião, que determinou o status do embrião como novo ser humano, com um código genético único. É partindo desse status que os cientistas devem tomar decisões éticas.
Marina é integrante da Assembleia de Deus, e não sei se essa denominação tem alguma posição oficial acerca do criacionismo, o que justificaria o uso do termo “dogma” por parte da jornalista (se bem que tradicionalmente o jornalismo usa muito mal o termo “dogma” quando o assunto é religião). Achei que na segunda pergunta a candidata foi um pouco mais escorregadia, afinal a questão não é se “99% dos brasileiros” acreditam em um Deus criador; o que diferencia um criacionista é que ele tem uma visão particular sobre como se deu essa criação. Mas o seu comentário sobre a fé não se justificar pela ciência, e sobre a ciência não precisar da chancela da fé, é perfeito.
Já na terceira pergunta, se o episódio se deu exatamente como a candidata descreve, só posso lamentar que a coisa tenha sido distorcida assim. O Reinaldo Azevedo, que também não morre de amores pela Marina, já previa que ela seria vítima de um bombardeio do “politicamente correto” por causa de sua posição sobre certos temas. Vai saber se essa discussão sobre o criacionismo na escola foi reflexo da “blitz midiática”… curiosamente, a própria Sociedade Criacionista Brasileira é contra o ensino do criacionismo nas escolas, como me disse o biólogo criacionista Tarcísio Vieira em uma entrevista.
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