Tenho acompanhado com interesse o site Crux Now, uma iniciativa do Boston Globe para incrementar a cobertura de assuntos relativos à Igreja Católica. Mas foi um amigo, também leitor do site, que me chamou a atenção para um anúncio publicitário que aparece na página.
O Catholic Match é um site que ajuda católicos a encontrarem sua alma gêmea. Em um de seus banners publicitários, aparece a frase “cansado(a) de sair com gente que não compartilha da sua fé?” Até aí, vá lá. Afinidade religiosa ou ideológica é um aspecto importante para muita gente na hora de procurar alguém para um relacionamento sério. O problema é que, na imagem, o “antagonista” da mocinha católica é um sujeito com um “Darwin” na camiseta.
Como se o catolicismo e a teoria da evolução não pudessem se dar bem. Há pelo menos dois “casamenteiros” com autoridade que pensam o contrário: Pio XII, que na Humani Generis abriu espaço para a conciliação entre o dogma católico e a teoria de Darwin, e São João Paulo II, que foi ainda mais enfático a respeito. Sem falar de vários outros estudiosos, tanto cientistas quanto teólogos, que já citamos várias vezes aqui no blog.
Talvez o idealizador do anúncio tenha caído no conto do vigário segundo o qual a evolução é sinônimo de ateísmo. Assim, a ideia não seria tratar o sujeito como evolucionista, mas como ateu, o que certamente traria problemas no relacionamento. Bom, se é assim, foi um erro grosseiro, primeiro porque, a despeito do que dizem os ateus militantes, aceitar a evolução não exige negar a existência de Deus. E, segundo, porque os ateus organizados já têm os seus símbolos e logotipos, que poderiam ser aproveitados no banner.
Então, nessa época em que prefeituras ficam pedindo umas às outras em casamento pelas mídias sociais (clique aqui caso não saiba do que estamos falando), temos de dizer: entre catolicismo e evolução, dá namoro, sim.
Vida fora da Terra
Sem sair do Crux Now, vale a pena ler a reportagem com o irmão jesuíta Guy Consolmagno, novo presidente da Fundação Observatório Vaticano. Ele está lançando um novo livro, em coautoria com outro jesuíta, também astrônomo do Observatório Vaticano. Apesar de se chamar Would You Baptize an Extraterrestrial?, a obra, como seu subtítulo diz (… and Other Strange Questions From the Inbox at the Vatican Observatory), trata de vários outros temas, como o Big Bang, o processo de Galileu e os relatos da criação. É ótimo ver a maneira como Consolmagno trata da relação entre ciência e fé como companheiras de viagem, e não como adversárias, deixando claro que descobertas estrondosas, como seria a constatação de que existe vida fora da Terra (o que, aliás, Consolmagno dá como quase certo), não abalariam a fé, mas ofereceriam terreno para uma série de questões teológicas bem instigantes.
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