Nesta sexta-feira recordamos os 150 anos da morte de Michael Faraday, o cientista britânico que abriu os caminhos para que pudéssemos entender o eletromagnetismo. Se você quiser conhecer um pouco sobre o trabalho de Faraday e a importância que ele tem, recomendo assistir a “The electric boy”, um dos episódios da nova versão da série Cosmos. Faraday domina praticamente todo o episódio.
Mas Faraday, além de cientista brilhante, também era um homem profundamente religioso (um “cristão fundamentalista”, na descrição do NatGeo, ainda que os autodenominados “fundamentalistas” só fossem aparecer algumas décadas depois da morte de Faraday). Ele não apenas frequentava uma igreja protestante, derivada da Igreja da Escócia, de matriz presbiteriana, como também foi diácono. Sua religiosidade também o levou a recusar o título de sir, que lhe havia sido oferecido em reconhecimento a suas contribuições para a ciência. As leis da natureza, para Faraday, eram obra divina, tendo sido criadas desde o início da existência e sendo tão antigas quanto a própria criação. Deus se deleitava ao trabalhar no mundo material por meio das leis que havia criado, escreveu o cientista, que, seguindo a trilha de Galileu, via a Revelação e a natureza como obras do mesmo autor, e que por isso não podiam se contradizer. Não à toa ele dá nome ao instituto da Universidade de Cambridge que se dedica ao diálogo entre ciência e religião. Quem quiser conhecer um pouco mais sobre as crenças de Faraday e como elas se relacionam a seu trabalho pode ler este ensaio de Ian Hutchinson, publicado em 1996, ou este artigo de Phillip Eichman, publicado em 1993. Ambos mostram que a religiosidade de Faraday, mais que um mero aspecto de sua personalidade ou um “acidente” descartável em sua biografia, influenciou a maneira como ele entendia seu trabalho.
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