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Nesta semana os muçulmanos de todo o mundo começaram o Ramadan, um mês sagrado em que os fiéis são obrigados a jejuar do nascer ao pôr do sol, cumprindo uma das cinco obrigações sagradas. Mas, segundo o Washington Post, o início do mês sagrado levanta uma certa controvérsia.

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A regra tradicional é simples: quando o fiel observa o primeiro crescente da lua nova, o Ramadan começou e, a partir da manhã seguinte, ele precisa jejuar. Mas há teólogos muçulmanos (chamados no texto do WaPo de “progressistas”, embora eu duvide dessas designações quando aplicadas a realidades religiosas) que vêm defendendo a adoção de cálculos astronômicos para determinar o início do mês sagrado. Além disso, mesmo para quem defende a visão da lua a olho nu como critério, há outras questões a responder: quem precisa ver a lua, qualquer fiel ou a autoridade religiosa? A lua precisa ser observada no local onde a pessoa está, ou no estado, ou no país, ou em Meca?

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Conversei sobre o assunto com o presidente da Sociedade Beneficente Muçulmana do Paraná, o professor Jamil Ibrahim Iskandar. Ele disse que o critério dos cálculos astronômicos é adotado por uma minoria, mas que ele não é proibido. “Entre os brasileiros, prevalece a necessidade de observar a lua a olho nu”, afirma. A Astronomia poderia ser útil, por exemplo, em casos de céu muito fechado, em que a lua estaria no céu, mas não poderia ser vista, levando a um início tardio do Ramadan. Mas Iskandar explica que não é necessário que a observação seja feita no local. “Aqui em Curitiba, apesar dos dias nublados, conseguimos ver a lua na terça-feira. Mas, se não tivéssemos conseguido, poderíamos iniciar o mês sagrado se uma fonte confiável (não necessariamente uma autoridade religiosa) em outra cidade nos dissesse ter visto a lua no céu”, diz.

Iskandar diz que o Islã não tem nada contra a ciência, mas que, como a lua tem ciclos perfeitos e pode ser facilmente observada, não se perde nada ao manter o critério da observação a olho nu. “É claro que, se acontecesse alguma catástrofe que nos impedisse de continuar observando a lua, poderíamos sem problema recorrer aos cálculos astronômicos”, acrescenta.

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