Neste sábado, véspera de Pentecostes, um “re-enterro” interessante ocorreu na catedral de Frombork, na Polônia. Um antigo cônego da catedral, que ganhou fama mundial muito depois de sua morte, teve seus restos mortais encontrados depois de um trabalho de pesquisa ordenado pelo bispo local e agora ganha um novo local de descanso. O cônego era Nicolau Copérnico, cuja morte completa hoje 467 anos, e a cerimônia de sábado foi liderada pelo arcebispo de Gniezno e primaz da Polônia, Józef Kowalczyk.
Trago só a foto porque simplesmente todos os textos que li a respeito contêm algum erro grosseiro sobre o próprio Copérnico ou sobre a recepção da Igreja à teoria heliocêntrica. Uns diziam que ele foi enterrado quase no anominato porque suas ideias incomodaram a Igreja. Mentira dupla, porque Copérnico não teve problema nenhum com a Igreja, e porque ele foi enterrado da mesmíssima maneira como se enterravam todos os outros cônegos da catedral de Frombork. Outras reportagens alegavam que a Igreja condenou o heliocentrismo como herético, o que também é mentira.
A descoberta dos restos de Copérnico é uma história fascinante. A busca começou em 2004, por ordem de Jacek Jezierski, bispo auxiliar de Warmia (a diocese que inclui Frombork). Quando se encontrou um crânio cujas características eram semelhantes às de um auto-retrato do astrônomo, um teste de DNA revelou que o crânio e fios de cabelo achados em um exemplar da primeira edição do De Revolutionibus (a obra em que Copérnico explica seu sistema) eram da mesma pessoa.
Na ocasião do novo enterro, o bispo Jezierski reafirmou que ciência e religião devem andar juntas. Esta homenagem, justa, a Copérnico é mais um gesto nessa direção.
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