O New York Times publicou nesta semana uma ótima matéria sobre o patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartololeu I, conhecido como o “Patriarca Verde” por seu comprometimento com a preservação do meio ambiente. Ele é o “primeiro entre iguais” entre os ortodoxos. Como as igrejas ortodoxas tem autonomia, Bartolomeu não tem autoridade sobre todo o mundo ortodoxo (como o Papa tem sobre os católicos), mas tem uma influência agregadora e pode definir temas para discussão, diz o Times.
E a questão ambiental é uma das mais importantes para o patriarca. Nisso ele não está sozinho; o Times lembra que Bento XVI e o Dalai Lama também vêm se manifestando sobre o tema, e o Tubo inclusive citou algumas dessas ocasiões em que líderes religiosos demonstraram sua preocupação com o meio ambiente (como a mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz de 2010, a instalação de painéis solares na sala de audiências do Papa, o “Time for Creation” do Conselho Mundial de Igrejas, e dá para incluir no pacote o congresso da PAC sobre geleiras). A palestra final do curso que fiz ano passado, em Cambridge, foi toda dedicada a esse tema.
Mas Bartolomeu não para por aí. O Times afirma que ele defende com unhas e dentes a tese que os atos cometidos contra o meio ambiente são pecaminosos, o que é chamado de “revolucionário” por alguns teólogos (em tempo: a degradação ambiental também estava naquela lista que a imprensa divulgou erroneamente como os “sete novos pecados capitais divulgados pelo Vaticano”. Podem não ser “novos pecados capitais”, mas são pecados, sim). E vem trabalhando na construção de um centro interconfessional dedicado à preservação do meio ambiente, em um antigo mosteiro cujo prédio foi recentemente devolvido pelo governo turco. Apesar de as ideias de Bartolomeu estarem crescendo em aceitação, ele sabe que sua posição ainda é minoritária e quer deixar um legado para que, após a sua morte, a questão ambiental não fique esquecida caso seu sucessor não compartilhe das mesmas convicções.
Nessa linha, lembro que a diretora do Fórum sobre Religião e Ecologia da Universidade de Yale, Mary Evelyn Tucker, voltou a defender a cooperação entre religião e ciência na preservação ambiental. Os cientistas, atuando mais no campo descritivo, oferecem as informações para que as religiões possam mobilizar os fiéis usando seu potencial prescritivo; ao reforçar as questões éticas ligadas à preservação da natureza, os líderes religiosos poderiam dar um fundamento transcendente a uma cultura de defesa da criação.
Atualizado às 17h33: Confiram também o artigo de Peter Hess publicado agora há pouco no Huffington Post, em que ele menciona uma série de iniciativas de caráter ambiental promovidas por grupos religiosos, e qual a fundamentação teológica que leva essas pessoas a unir sua crença ao cuidado com o meio ambiente.
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