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Os animais e a consciência da morte
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Um pouco depois do previsto, o Tubo de Ensaio está de volta. A viagem à Europa durou dois dias a mais por causa do vulcão islandês de nome impronunciável (alguns de vocês devem ter lido os meus relatos no jornal), e depois do retorno ainda precisei de alguns dias para colocar tudo em ordem. Voltar de viagem dá tanto trabalho que o melhor seria continuar viajando. O passeio foi bem interessante: de relevante para nós, aqui no blog, conto que em Florença pude visitar os túmulos de Galileu e do bem-aventurado Nicolau Steno. Ainda trouxe na bagagem dois livros sobre o Sudário de Turim, mas infelizmente não terei tempo de lê-los antes de escrever sobre o assunto, o que pretendo fazer em breve. Também não tive a chance de ver o sudário, que está em exposição, já que não passei por Turim desta vez.

De volta ao Brasil, o que fiz foi, no último fim de semana, visitar a exposição sobre o sudário no Shopping Palladium. E eu queria ter retomado o blog hoje comentando Criação, o filme sobre Darwin que estreou no Brasil antes de eu sair de férias, só chegou a Curitiba quando eu já estava de volta, e saiu de cartaz apenas uma semana depois, me deixando a ver navios. Como no fim de semana da estreia eu não estava na cidade, e durante a semana meu horário de trabalho não me permite ir ao cinema, meu plano era ter visto o filme ontem, se não tivesse saído de cartaz… acho que isso deve dizer alguma coisa, ou sobre os cinemas, ou sobre o público de cinema curitibano. Agora é esperar o DVD, já que não sou fã de baixar filmes pela internet e ver no computador.

Mas, na falta de Darwin, ainda temos os macacos.

Hagit/Stock.xchng
Pesquisas recentes com chimpanzés apontam para a possibilidade de que eles tenham consciência sobre a morte.

Semana passada saiu uma notícia bem interessante, confiram aqui na versão do meu amigo Reinaldo Lopes, da Folha: ele conta como uma equipe de uma universidade britânica observou reações de chimpanzés quando um membro do grupo morreu. Os cientistas filmaram os animais e compararam seu comportamento com os vídeos gravados em condições normais, identificando reações que podemos comparar a luto e até mesmo um velório. Vejam aqui dois vídeos (em sequência) dos animais filmados pela equipe britânica:

Na mesma edição da revista Current Biology em que James Anderson e seus colegas publicaram sua pesquisa, realizada em um zoológico, outro time de cientistas relatou as observações feitas na África, onde duas mães chimpanzés cuidaram dos corpos dos filhos mortos por vários dias. Vejam outra sequência de dois vídeos:

Comentando os estudos, a antopóloga e escritora Barbara King comentou, em seu blog, outros dois casos envolvendo animais domésticos: um cão que se comportou de uma maneira totalmente diferente do normal no momento em que um de seus filhotes, vivendo em outra casa, estava morrendo; e a história de duas gatas, irmãs que não se davam bem e tinham dividido a casa em territorios separados. Quando a gata que vivia no andar de cima morreu, a que morava no andar de baixo emitiu um som único.

Os animais têm consciência da morte? As pesquisas publicadas recentemente parecem apontar que sim, embora eu ache que ainda seja cedo para afirmar com precisão. Mas vamos supor que eles tenham essa consciência, e é aqui que eu gostaria de chegar. Um amigo, leitor do blog, comentou que uma ideia até que popular atualmente associa o surgimento da religiosidade a essa tomada de consciência da morte (e o medo que isso provoca) por parte do ser humano. “Ora, se os macacos têm consciência da morte e mesmo assim não desenvolveram nenhum sentido de transcendência ou de religião, cai por terra essa teoria”, ele conclui. Em resumo, se só os humanos puderam dar o “salto” da consciência da morte para a religiosidade, será que existe realmente um “salto”, como se houvesse relação de causa e efeito entre uma coisa e outra?

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O blog também está de volta ao Twitter.

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