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Paz não é notícia. Mas devia ser
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Como profissional da imprensa, tenho de concordar com Michael Zimmerman quando ele diz que a guerra é notícia com muito mais frequência que a paz. Basta folhear especialmente o noticiário internacional, mas Zimmerman argumenta que o mesmo fenômeno ocorre na relação entre ciência e fé, e de uma forma que ele considera curiosa. Qualquer declaração de um ateu militante contra a religião ou qualquer declaração de um líder religioso contra a ciência ganha destaque, ainda que essas pessoas venham repetindo as mesmas coisas há muito tempo. O caso citado por Zimmerman é o do pastor batista Albert Mohler, que (mais uma vez) declarou a incompatibilidade entre a teoria de Darwin e o Cristianismo. Novidade? Nem de longe.

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Os quebra-paus entre ateus fundamentalistas e religiosos fundamentalistas sempre ganham divulgação. Os promotores da paz ficam esquecidos.

A novidade, neste campo, é a paz. Zimmerman é o fundador do Clergy Letter Project, que reúne líderes cristãos e cientistas de vários países (inclusive do Brasil) que têm em comum a visão de que evolução e Cristianismo não se contradizem. Anualmente, o Clergy Letter Project promove um encontro que atrai igrejas e pessoas de vários países. Cobertura da imprensa? Quase nenhuma. Assim como recebem pouquíssima atenção, por exemplo, os eventos da Fundação BioLogos, ou da Fundação John Templeton, ou qualquer um que tente promover a conciliação entre ciência e fé. Da minha experiência profissional, posso dizer que em alguns casos a divulgação é fraca, ou ineficiente, ou não chega à pessoa certa (eu, por exemplo, sou editor de Economia. Volta e meia recebo press releases que deveriam ter sido enviados a editores de outros cadernos da Gazeta). Mas não me parece que seja esse o caso do Clergy Letter, da BioLogos ou da Templeton. Acontece que nem a assessoria de imprensa mais eficiente passa por cima de escolhas editoriais.

O que Zimmerman pede é a ajuda dos leitores na divulgação do Evolution Weekend. Ele cita um caso do programa Saturday Night Live como exemplo de que a mobilização pelas redes sociais pode fazer maravilhas. No fim de seu artigo há uma lista de e-mails e sites que podem ser acionados, mas ele também recomenda que o Twitter e o Facebook sejam usados na divulgação. Para quem também está cansado de ver apenas os extremistas na mídia, vale a pena tentar.

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