O site God of Evolution, que promove a conciliação entre o cristianismo e a teoria da evolução, publicou recentemente um texto no qual Phil Ledgerwood conta um episódio envolvendo uma conversa com outros cristãos a respeito da evolução. O que lhe chamou a atenção não foi tanto a discussão sobre quem estava certo (o grupo incluía defensores de visões bem diferentes sobre o relato da criação e a teoria de Darwin), mas como alguns dos membros tinham noções totalmente equivocadas sobre o que é, ou o que propõe a teoria da evolução.
Ledgerwood listou quatro erros principais. O primeiro é o de achar que a macroevolução é uma coisa totalmente diferente da microevolução; este é um recurso retórico que alguns usam para aceitar o fato de que existem, sim, mudanças pequenas e pontuais nas espécies, mas não que haja os “grandes saltos” evolutivos. Acontece que, no fundo, tudo é microevolução, explica Ledgerwood. Os “grandes saltos” na verdade são o resultado de pequenas mudanças após pequenas mudanças, num grande intervalo de tempo (que os criacionistas de Terra jovem negam existir, daí a necessidade desse tipo de argumentação). Mal e porcamente comparando, é como os juros sobre juros: se você faz uma aplicação e a resgata daqui a dois meses, a transformação é mínima. Mas, se você deixa aquele dinheiro rendendo por 30 anos, por exemplo naqueles títulos do Tesouro que pagam a inflação mais um porcentual, na hora do resgate ele vira outra coisa completamente diferente, embora isso seja apenas o resultado de pequenas rentabilidades acumuladas ano após ano.
O segundo erro é uma falácia de espantalho: achar que os defensores da evolução descartam o criacionismo ou o Design Inteligente como não científicos apenas porque eles propõem a ação divina. O problema do criacionismo e do DI é outro, o de não ser possível submeter suas hipóteses ao método científico. Não tem nada a ver com Deus. O terceiro erro é uma falácia indutiva, que se aproveita do fato de haver alguns cientistas que questionam a evolução para defender que a teoria está sob ataque e longe de ser consensual. Ledgewood mostra um dado curioso: o National Center for Science Education conseguiu juntar mais cientistas defensores da evolução apenas chamados Steve do que o Discovery Institute conseguiu juntar cientistas contrários à evolução.
O quarto erro, por fim, é o de afirmar que uma explicação naturalista de um fenômeno necessariamente tira Deus da jogada. Ledgewood recorda trechos em que a Bíblia diz que Deus “manda a chuva”, embora todos saibamos hoje que a causa da chuva é o ciclo da água e nem por isso tenhamos virado ateus. Aceitar um mecanismo natural não significa negar que esse mecanismo tenha sido desenhado por Deus, que Sua vontade mantenha o universo na existência, que o mecanismo é maneira que Deus usa para criar e manter o mundo… se vale para a água, por que não valeria para a evolução? “Se a evolução é verdadeira, então Deus não existe” é o que se chama de non sequitur, uma conclusão que não deriva da premissa. Militantes ateus podem até abusar dessa falácia, mas que os cristãos caiam nela é de doer.
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