OK, o mundo está em polvorosa por causa do novo livro do Stephen Hawking, segundo o qual Deus não é necessário para tirar o universo do nada (em português, segundo a Folha). Vejam aqui algumas frases, em inglês mesmo:
Because there is a law such as gravity, the universe can and will create itself from nothing.
Spontaneous creation is the reason there is something rather than nothing, why the universe exists, why we exist.
It is not necessary to invoke God to light the blue touch paper and set the universe going.
E, antes de continuarmos, curtam esse vídeo do Channel 4 britânico, com a participação de Jon Butterworth e Alister McGrath:
Já adianto que o Tubo vai voltar a esse tema (tem gente boa trabalhando nisso), mas para vocês irem pensando no feriadão, o que me parece é que, ainda que a ciência citada por Hawking esteja correta (e olha que a teoria das cordas ainda é bem controversa), a conclusão a que ele chega demonstra sérios problemas de filosofia. E não é apenas o Hawking; os ateus em geral, na hora de discutir esses temas relativos à criação, não conseguem entender o nada ontológico.
Quando os crentes dizem que Deus tirou o universo do nada, é nada mesmo. Se algo já existe, ou é, não estamos mais no nada ontológico. Um amigo, no Twitter, citou um exemplo tirado de um fórum ateísta: “cientistas já realizam uma creation ex nihilo, em laboratório, criando matéria do nada, apenas usando luz.” Só esqueceram de avisar o sujeito que a luz existe, então não houve “criação a partir do nada”. Da mesma forma, um amigo leitor do Tubo descreveu a situação nesses termos: se o que permite a criação “do nada” proposta por Hawking é a lei da gravidade, então não estamos no nada ontológico. Ainda que não existisse a matéria, nem a energia, existiria a lei e isso já é suficiente para não estarmos mais no nada. A única maneira de contornar o problema é não atribuir “ser” à lei. Mas isso simplesmente não faz sentido.
Outra questão, proposta pelo mesmo amigo: “Hawking parece atribuir precedência, não só lógica ou formal, mas mesmo temporal, às leis em relação àquilo que “é”. Se as leis da natureza são aquilo que rege o comportamento dela, como posso atribuir precedência a elas (como atribuir existência a elas se não houvesse a natureza, isto é, como não concebê-las como um ser ab álio?)?
Enfim, como prometi, voltaremos ao tema. Mas, também para adoçar o feriadão dos leitores, recomendo mais esse artigo do padre Robert Barron no Chicago Tribune e este outro, de Quentin de la Bedoyere, no Catholic Herald britânico.
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