Eu já tinha muita vontade de conhecer o Smithsonian Museum, em Washington DC (que na verdade são vários museus), por causa do National Air and Space Museum. Semana passada, graças à Cathy Lynn Grossman, fiquei sabendo que o National Museum of Natural History, que pertence ao complexo, vai abrir, a partir de março, uma exposição permanente dedicada à evolução, com um viés de conciliação entre ciência e fé. Em março, especialistas no assunto serão convidados para falar. Quer ter uma prévia da exposição? É só clicar aqui.
É o tipo da coisa que me deixa muito contente. Pegando o gancho dos comentários no tópico sobre Bento XVI e Richard Dawkins, mais abaixo, eu realmente acredito que a conciliação entre as teorias de Darwin e a fé religiosa não só é possível como desejável. Eu sou totalmente contrário a essas tentativas de criar dicotomias do tipo “ou você aceita a evolução, ou você tem fé; não dá para ter as duas coisas”. Aguardem para novembro (se tudo der certo) algum material mais interessante sobre como Deus e Darwin podem ser bons amigos.
Uma outra notícia quente da semana passada que não tive tempo de comentar porque estava trabalhando nisso aqui é a nomeação de Francis Collins para a Pontifícia Academia de Ciências (o outro nomeado eu não conheço). Collins, como sabemos, é o autor de A linguagem de Deus, um dos livros que eu ainda preciso ler. E não é católico. Aliás, a Academia não exige que seus membros sejam católicos. Nem mesmo que sejam religiosos. Stephen Hawking, por exemplo, faz parte do elenco. E o último brasileiro a ter feito parte da Academia, Crodowaldo Pavan, era agnóstico. Mas, voltando a Collins, houve muita gritaria quando ele foi nomeado para o National Institute of Health norte-americano. Os ateus disseram que ele fatalmente misturaria sua fé com seu trabalho. Até agora, ao que parece, nada disso aconteceu, embora ainda seja cedo para fazer uma avaliação mais ampla do trabalho do geneticista no órgão governamental.
E, por fim, em Londres voltaram a montar a peça Inherit the wind, the ganhou uma versão no cinema chamada O vento será tua herança. Trata-se de uma dramatização do famoso “monkey trial” ocorrido no Tennessee, em 1925, quando um professor foi processado por ensinar a evolução nas escolas. Nunca vi a peça nem o filme, mas parece que o texto carrega um pouco em favor do personagem baseado em Clarence Darrow, o advogado de defesa do professor. O mais interessante dessa montagem (que tem Kevin Spacey) é o fato de se tratar da primeira vez que a peça é encenada depois de um outro julgamento semelhante, ocorrido na Pensilvânia, em que pais foram à Justiça porque uma escola estava ensinando o Design Inteligente.
Ah, estava quase esquecendo de avisar: o Reinaldo Lopes, que tinha o blog Visões da Vida no G1 e agora está na Folha de S.Paulo, lança semana que vem o seu livro, Além de Darwin. O livro tem material inédito e uma seleção de textos do blog, que lidava principalmente com biologia evolutiva, mas de vez em quando também trazia reflexões muito interessantes sobre ciência e religião, como essa. E essa. Os leitores paulistanos do Tubo podem participar do lançamento no dia 27, às 19 horas, na Livraria Capítulo 4 (Rua Tabapuã, 830, Itaim Bibi, 2737-2037 ou 2737-2038).
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