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Um tempo em que ciência e fé eram aliadas
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No feriado de Finados, o USA Today publicou um “op-ed”, como eles gostam de chamar os artigos de opinião, escrito pelo jornalista Mark Pinsky. Science, faith used to be allies, Pinsky parte da nomeação de Francis Collins para o National Institute of Health (sim, ainda estão fazendo barulho por lá sobre esse assunto) para lembrar de um outro tempo: houve uma era na história americana em que ciência e religião eram considerados aliados simbióticos, em vez dos adversários rancorosos que eles tão frequentemente são hoje, diz. Mas espera aí: quem disse que hoje ciência e religião são efetivamente inimigos? A não ser que Mark Pinsky tenha se expressado mal, ele caiu no conto goebelliano da guerra entre fé e razão. Repetiram tantas vezes que ambos são incompatíveis que as pessoas acabam acreditando.

A seguir, o jornalista lembra um vitral famoso na biblioteca da Universidade de Yale. Chamado Education, ele tem quatro personagens: ciência, fé, arte e música. No painel central, ciência e fé estão mais próximos do Livro da Vida.

Reprodução
Ciência e Religião estão mais próximos do Livro da Vida, no vitral criado por Louis Comfort Tiffany.

O vitral foi feito no fim do século 19, quando John William Draper já tinha escrito o seu History of the Conflict between Religion and Science, mas ainda levaria uns poucos anos para Andrew Dickson White cometer o seu History of the Warfare of Science with Theology in Christendom. Esses dois sujeitos são os, digamos, “pais” da teoria do conflito entre ciência e religião, mas isso é assunto para um outro post, cuja publicação depende de outros fatores (a surpresa será boa, aguardem e confiem, como diria o Didi Mocó). O que importa é que a teoria do conflito é muito recente, se considerarmos o tempo em que ciência e religião andam por aí. Gente que viveu na época em que teriam ocorrido os grandes quebra-paus que os Dawkins e Hitchens da vida adoram citar parece não ter visto a tal guerra entre fé e razão. Lembremo-nos de que, quando o vitral foi feito, A origem das espécies já completava 30 anos.

Pinsky cita a seguinte frase de Collins: “O Deus da Bíblia também é o Deus do genoma. Ele pode ser encontrado na catedral ou no laboratório. Ao pesquisar a majestosa e admirável criação de Deus, a ciência pode efetivamente se tornar um modo de adoração.” Não chega a ser novidade: Galileu já tinha dito que não podia haver contradição entre o livro da Bíblia e o livro da natureza, já que ambos tinham o mesmo autor. Mas, mesmo que Collins não esteja sendo um poço de originalidade, é essencial que tenhamos gente como ele, hoje, para lembrar o público sobre certas verdades.

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Se você ainda não segue o Tubo de Ensaio no Twitter, isso tem conserto.

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