Oi!
Sabe aquela história de que só a gente pode falar mal da própria mãe? Se vier outro sujeito apontar os defeitos da nossa progenitora, o bicho pega?
Pois é, fiquei na dúvida se deveria ou não escrever um post sobre minhas primeiras impressões sobre o Brasil, exatamente para não gerar a sensação de estar falando mal da mãe dos outros. Depois, caí na real e lembrei que, embora expatriada, ainda continuo brasileira. Portanto, sim, mais do que um direito, é um dever meu mostrar o ponto de vista de quem passa um tempo vivendo outras experiências fora do Brasil e depois volta.
Infelizmente, leitores, a nossa chegada ao aeroporto do Galeão em 2013 não foi muito diferente da de 2012. Quando as portas da área de desembarque se abriram, vislumbrei o mesmo cenário de sempre: um quiosque de informações sem janela e dois quiosques de empresas de taxi especial com mulheres gritando o preço promocional. Deprê total!
Imediatamente apareceu um sujeito uniformizado se oferecendo para nos levar até o terminal 1, onde iríamos pegar o voo para Curitiba. Como é que o cara sabia que estávamos indo para lá? Há quanto tempo ele estava ouvindo nossa conversa? E o sujeito ainda era o estereótipo do malandro latino americano com bigodinho e tudo!
Para variar, uma família de estrangeiros estava perdida sem saber onde ficava o ponto de taxi. E o pior é que nem eu! Pegar um taxi normal (amarelinho que cobra pelo taxímetro) no Galeão continua sendo uma missão das mais difíceis, até mesmo para nós, brasileiros. Pensem nos coitados dos estrangeiros que precisam ser render ao latino americano de bigodinho que, provavelmente, não fala inglês?
Pegamos, então, o elevador onde só cabiam dois carrinhos de ladinho. Eu, Mari, Marcos, Dudu e a ascensorista nos encaixamos entre eles e as paredes do elevador que nem joguinho de Tetris. Impossível não nos lembrarmos do elevador do aeroporto de Dubai que nos surpreendeu por ser do tamanho do meu quarto. Juro!!!
Antes de seguir para o Terminal 1, tivemos que dar uma paradinha no banheiro. Bom, não vou nem me dar ao trabalho de escrever sobre o banheiro. Basta dar um “copiar-colar” no meu post de 2012: “No banheiro não havia papel higiênico nem sabonete e a pia estava entupida”.
Assim como os banheiros que continuam a mesma… vocês sabem.. as esteiras rolantes, que ajudam os passageiros a percorrer o longuíssimo corredor entre os terminais 1 e 2, continuam paradas! Ou seja, além de não haver trens ou qualquer outro tipo de transporte entre os terminais como nos outros aeroportos do mundo, as esteiras possuem um defeito gravíssimo que precisam mais de ano para ser consertadas. Ou a tal lei 8666 de licitações públicas permanece emperrando não só as esteiras, mas o Brasil inteiro.
Para não dizer que nada mudou, percebi que os painéis da Infraero de Chegadas e Partidas são novos, ou melhor, foram trocados por “videowalls” como descrito no site da Infraero.
“Os novos painéis buscam ampliar o acesso às informações de partidas e chegadas no aeroporto, exibindo mais voos programados com melhor visibilidade. Além disso, eles também podem oferecer outras informações úteis para os usuários com vídeos institucionais e informativos”, destacou o superintendente da Regional do Rio de Janeiro, Lucínio Baptista.
Falando em informar, precisávamos avisar o Luiz que havíamos chegado sãos e salvos à terrinha. No entanto, quem disse que conseguimos acessar a rede wi fi do aeroporto?
Em Hong Kong, até eu, fóssil da geração analógica, consegui postar uma foto no Facebook! Sem ajuda! Em Dubai, mandei mensagem para a família inteira às 3 da madrugada pelo Skype. Mas no Brasil, nem as crianças, ávidas para falar com os amigos na China, conseguiram se conectar.
Meus filhos, e imagino que qualquer outro adolescente no mundo, conseguiriam se conectar a Internet mesmo que um meteoro tivesse colidido com a Terra. Mas, no Galeão, eles não conseguiram. Achei melhor deixar a Mariana explicar o que aconteceu.
Bom, chegando ao terminal 1 onde encontramos meus sogros nos esperando cheios de carinho, fui fazer o checkin para Curitiba. A Gol, que agora permite realizar checkin com sete dias de antecedência, havia nos informado que como o Dudu ainda tinha 10 anos, era preciso fazer pessoalmente no aeroporto. E mais: era necessário levar a certidão de nascimento por que os passaportes novos não possuem filiação.
Como ainda eram duas da tarde e o voo só sairia às 18h30min, o checkin estava totalmente vazio, só que não fazia checkin, apenas o despacho de bagagem. Seria necessário usar os terminais de autoatendimento.
Ué? Então eu poderia ter feito tudo lá de casa mesmo, né? Enfim, depois de 20 minutos digitando os dados de 4 passageiros, cansada de mais de 24 horas de viagem, sem a menor intimidade com o computador a minha frente, tomando conta de 4 malas e 4 mochilas, alternando documentos que insistiam em cair, consegui finalmente sair com 8 papeizinhos minúsculos que mais pareciam notinha de padaria.
Eu, as crianças-entediadas-sem-Internet, meus sogros, as malas e as mochilas fomos de novo para o pseudo checkin despachar as bagagens. Acabei me confundindo naquele caminho de rato que me fez lembrar as filas dos parques da Disney e errei a entrada. A recepcionista da Gol não perdoou. Mandou-nos voltar tudo e entrar pelo lado certo, embora houvesse apenas uma pessoa a nossa frente. Tudo bem, a lei vale para todos. Meia volta, volver!
No checkin, a atendente foi extremamente simpática! Conversou com meu sogro, brincou com o Marcos, reclamou do computador, contou caso para a atendente do lado e, adivinhem, não me pediu um documento sequer das crianças. Eu até ofereci: Não quer ver o passaporte deles? A certidão de nascimento? A autorização de viagem assinada pelo pai e autenticada em cartório? Não, não. Tá tudo certo.
E aí, leitores? Sabe aquela situação em que a desobediência à lei favorece você? Em que não faz sentido brigar com alguém que está quebrando o seu galho, mesmo que você não tenha pedido?
Enfim, enfiei meus documentos no saco e fui embora pensando: Se a atendente demorou 15 minutos ou mais para despachar 4 malas, isso sem checar nenhum documento, em uma hora terá despachado a bagagem de 4 pessoas ou 1/30 do caminho de rato. Ah! Agora entendi o porquê do checkin com sete dias de antecedência!
Brincadeiras à parte, o resumo desta história é que parece que ainda somos um país amador: rígidos demais com detalhes, liberais demais com o que realmente importa. Painéis grandes e bonitos e banheiros sujos e feios.
No entanto, uma coisa é certa: somos muito acolhedores! As Filipinas vendem a simpatia do seu povo como atração turística e, no aeroporto de Cebu, embora tudo seja meio zoneado, todos são extremamente simpáticos.
Então: será que essa coisa meio improvisada não é o charme do nosso país? Será que para sermos mais civilizados perderemos a espontaneidade que tanto nos caracteriza mundo a fora?
Sei lá. Só sei que se algum estrangeiro vier fazer outro filminho ao estilo dos Simpsons falando mal do meu país, eu meto a mãe no meio fácil, fácil!
Até mais!