你们好,
Ni men hao,
Hoje, finalmente vou terminar o post sobre minha viagem pela China. Termino com chave de ouro, trazendo para vocês os Guerreiros de Terracota!
E quem são eles mesmos? Estão vivos ou mortos? Quantos são?
Bom, tudo começou em 246 antes de Cristo com um imperador chinês chamado Shi Huang. Apesar de ter sido um déspota e mandado matar parentes e concubinas, Shi Huang fez uma grande coisa pela China: unificou moeda e língua. Hoje, apesar de haver mais de 50 dialetos diferentes, o país possui uma única escrita. Alguma dúvida de que a China não teria sido a potência do passado e, com certeza a do futuro, sem a ajuda de Shi Huang?
A ideia de construir uma fortaleza ao redor da China é dele, ou seja, Shi Huang também é o responsável pela uma das maravilhas do mundo da idade média: a Grande Muralha.
E o que isso tem a ver com os guerreiros? Bom, acreditando-se um Deus, Shi Huang mandou construir uma armada perpétua para tomar conta da sua tumba e de seus supostos tesouros enterrados com ele. Supostos por que até hoje ela não foi aberta por questões de segurança.
Em 1974 (sim, há apenas 40 anos), um camponês que arava tranquilamente suas terras descobriu o primeiro e maior dos três sítios onde estão os guerreiros. Imaginem a cara do sujeito ao se deparar com um guerreiro de barro, maior do que ele, portando armas de verdade?
Este é o primeiro sítio com 6.000 guerreiros.
O camponês sortudo, que achou a maior descoberta arqueológica do século XX, passa alguns dias da semana no museu dando autógrafo …desde que você compre um livro de 200RMB. A foto é clandestina para não ter que pagar pelo livro. Coisa feia, hein?
O primeiro sítio possui 6.000 guerreiros, o segundo 1.000 e o terceiro apenas 68. Já se sabe que existem mais guerreiros enterrados, no entanto, quando expostos à luz do dia, sua pintura vai desaparecendo até sumir por completo. Parece que já existe um produto desenvolvido por alemães (ou será japoneses?) capaz de manter a pintura dos guerreiros, mas sua produção ainda é muito cara. Por isso, optou-se por deixar os soldadinhos descansarem mais um pouco em seu mundo colorido.
Se os guerreiros já são deslumbrantes em cor de barro, imaginem com seus uniformes coloridos?
As mais de 10.000 armas eram reais e, quando descobertas, ainda estavam afiadas. A maior parte delas, no entanto, foi roubada ao longo dos anos.
Os guerreiros foram esculpidos por artistas que reproduziram o rosto de guerreiros reais, ou seja, nenhum deles é igual ao outro. Todos os detalhes como penteados, condecorações, cintos, sola dos sapatos, tudo é perfeitamente igual ao que era há 2000 anos. Até os cavalos são réplicas perfeitas dos da época e, pela arcada dentária, pode-se saber quantos anos tinham quando foram “clonados”.
Enquanto a gente visita os sítios, os arqueólogos trabalham na reconstrução dos guerreiros, ali mesmo, na nossa frente! Existe um espaço no meio do sítio que eles chamam de hospital, onde os guerreiros recém-colados estão em estado de recuperação. Os guerreiros “saudáveis” e que viajam pelo mundo em exposições, também ficam em outro local se recobrando do cansaço da turnê. Em resumo, aquele soldado anônimo do imperador, que viveu em 246 antes de Cristo, permanece vivo, famoso e viaja pelo mundo fazendo apresentações!
É assim que alguns guerreiros são encontrados para depois serem reconstruídos.
Este é o “guerreiro da sorte” reproduzido em miniatura e vendido mundo a fora. Como ele é um dos poucos que estavam agachados, os desmoronamentos de terra ao longo dos dois séculos não o destruíram e ele permaneceu intacto por mais de 2.000 anos. Vai ter sorte assim lá na China!
Guerreiros e cavalos foram construídos em partes separadas que eram depois encaixadas e assadas em fornos quentes. Isso de certa forma facilita a recuperação das relíquias hoje em dia.
Não, não é permitido entrar no sítio para tirar foto com os guerreiros. Os chineses tiveram a ideia de montar um painel especialmente para a turistada poder brincar. Irresistível!
A cidade de Xi’An, onde “vivem” os guerreiros (depois do que vocês leram, vivem ou não vivem?) também vale a pena ser visitada. Shopping centers com painéis gigantescos da Louis Vuitton se misturam a templos orientais deslumbrantes, sendo que uma parte da cidade é cercada por uma grande muralha de proteção da época medieval.
Bell Tower no centro de Xi’An
Detalhe da grande muralha que cerca a cidade.
Outro ponto a ser visitado é o bairro muçulmano. A Mina queria comer uma famosa sopa de cordeiro com macarrão e lá fomos nós procurar um restaurante que tivesse o tal prato. Que surpresa foi descobrir que o bairro todo é sensacional! Painéis luminosos, sementes, frutas, grãos, quinquilharias e todo tipo de produtos colorem as ruas barulhentas e tumultuadas. Nenhuma foto é capaz de passar o clima que o bairro tem, portanto, vejam o vídeo abaixo para ter uma rápida ideia. Rápida mesmo. O vídeo só tem 17 segundos!
Parece apetitoso? Confesso que já perdi o senso crítico. O sabor? Deixou a desejar.
Lá pelas tantas parei numa barraquinha que vendia um pregador de cabelo bem interessante. Pedi para o vendedor me mostrar como usar e a demonstração virou atração turística. Tentei faturar um desconto por conta da promoção relâmpago, mas não colou!
Outro ponto alto de Xi’An foi o nosso hostel, 7 Sage, recheado de história antiga e moderna, além de ser perto da estação de trem, o que facilita muito a chegada até lá e aos pontos turísticos. Apesar de ser um hostel, ele não fica devendo nada a nenhum hotel 3 estrelas em termos de infraestrutura. Além de ser lindo!
Infelizmente, a lembrança mais marcante que tenho de Xi’An é a da poluição. Nem em Beijing eu vi ou senti algo parecido. Ao chegar ao aeroporto para embarcar de volta à Shenzhen, meus olhos ardiam e lacrimejavam!
Na realidade, Xi’An de certa forma é o retrato da China atual. Da China que eu vejo em Shenzhen e que vi em todas as outras cidades por que passei nesta minha viagem: muitas obras e muita, muita poluição. É nítido pelas propagandas que retratam um mundo mais azul, que a sociedade já começa a se rebelar contra tamanho desrespeito à natureza e ao ser humano.
Para mim, este é o retrato da China atual: um grande canteiro de obras com fábricas por todos os lados, emoldurados por um céu cinza escuro.
O sonho de uma China mais azul está nos painéis de propaganda que mal conseguem ser vistos em meio a tanta poluição.
Bom, leitores, assim termina esta viagem pela China. A primeira de muitas que ainda pretendo fazer. Um privilégio que poucos brasileiros possuem e que agradeço a Deus todos os dias por ter merecido. E, se alguém tiver a oportunidade de vir para cá e quiser minha companhia, é só me chamar! A Mina, infelizmente, já voltou para os Estados Unidos.
再见!